"Eu não acredito que os dinamarqueses compreendem totalmente as consequências de sua possível entrada no sistema de defesa promovido pelos Estados Unidos", escreveu o embaixador Mikhail Vanin em um artigo de opinião publicado no jornal dinamarquês Jyllands-Posten. "Se isso acontecer, os navios de guerra dinamarqueses vão se tornar alvos dos mísseis nucleares russos", acrescentou.
A Rússia se opõe ao escudo antimísseis da Otan, lançado em 2010 e que deverá estar totalmente operacional em 2025. O objetivo é implantar interceptadores de mísseis e radares no Mediterrâneo, Polônia e Romênia. A Dinamarca planeja fornecer uma ou mais fragatas equipadas com sistemas de mísseis e poderosos radares.
O ministro das Relações Exteriores dinamarquês, Martin Lidegaard, considerou as observações do embaixador uma "retórica inaceitável, completamente irrelevante". "Ninguém deveria fazer ameaças graves como esta", disse ele à agência de notícias Ritzau.
Estas declarações são "muito ameaçadoras e desnecessárias", pois o escudo antimísseis é apenas um "alarme anti-invasão", indicou por sua vez o presidente da Comissão dos Assuntos Externos do Parlamento dinamarquês, Mette Gjerskow.
"É uma maneira de acentuar a escalada verbal entre a Rússia e a Otan (...), mas isso não muda o fato de que nós não temos medo", declarou Gjerskow, considerando que as declarações do embaixador também se dirigem ao público russo.
As relações entre a Rússia e os países escandinavos têm sido tensas nos últimos anos com a proliferação de incursões da aviação militar russa na região do Báltico.
Apresentada como uma proteção contra o Irã ou a Coreia do Norte, o projeto de defesa antimísseis é há vários anos um grande ponto de discórdia entre a Otan e a Rússia, que o vê como uma ameaça à sua segurança.
AFP