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Verão

Especial

EUA registraram mais de um tiroteio em massa por dia em 2022

Ao menos 8.301 pessoas morreram em decorrência de disparos de arma de fogo no país, segundo dados da Gun Violence Archive

Homenagens aos mortos no massacre da escola primária Robb, em Uvalde, no Texas | Foto: Michael M. Santiago / Getty Images via AFP / CP

Os Estados Unidos voltou a discutir a circulação de armas entre civis após uma série de ataques tirar a vida de mais de 30 pessoas, em diferentes regiões do país, nas últimas semanas. Segundo informações da imprensa americana, os armamentos usados nestes incidentes tinham registro e origem legal.

A organização Gun Violence Archive, que notifica episódios com armas de fogo nos EUA, registrou 234 tiroteios em massa no país em 2022 — quando quatro pessoas ou mais são mortas ou feridas na mesma ação. Estes números apontam para mais de um caso por dia em território americano. 

Os altos números, tratados pela mídia dos Estados Unidos como uma endemia, dividem a nação. Em entrevista ao R7, o cientista político e integrante do Núcleo de Prospecção e Inteligência Internacional da FGV (Fundação Getúlio Vargas) Leonardo Paz Neves destaca a fragmentação dos americanos sobre o assunto.

“A percepção do povo é muito diferente. Tem um grupo de pessoas, de maneira geral mais urbanos, mais progressistas, que acha que na realidade a facilidade de adquirir armas é um problema. Vai ter um outro grande grupo que acha que não, que acredita que não são as armas que matam pessoas, são pessoas que matam pessoas.” 

A Gun Violence Archive registrou 8.031 mortes e 15.119 feridos em eventos com armas de fogo nos Estados Unidos até 1º de junho. Dentre as vítimas baleadas que não morreram, 466 são crianças e 1.924 acidentes. A organização ainda destaca os 609 episódios com vítimas em disparos acidentais.

“Supostamente os atentados que já acontecem seriam de fato um elemento de mudança na opinião pública, [...] no final das contas continua existindo um grupo muito aguerrido de pessoas que ainda acha que, enfim, é possível ter armas, é necessário ter armas para se proteger.” 

O que é o lobby de armas?

Com os últimos casos de massacres no Texas, Nova York, Califórnia e Oklahoma, o termo “lobby de armas” ficou em evidencia na imprensa. O próprio presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, disse que é vital a luta contra o grupo que defende a posse de armamentos entre civis.

O tão falado lobby, neste caso a Associação Nacional do Rifle (NRA, na sigla em inglês), tem uma relação estreita com os líderes políticos do partido republicano, em especial os representantes dos estados do sul do país. É nesta região dos EUA em que o porte de armas é visto como parte da liberdade do cidadão americano.

“De maneira geral, o perfil de quem defende as armas é de um indivíduo mais conservador, majoritariamente do sul, que tem uma tradição mais conservadora, com ligação com o partido Republicano”, explica Neves.

A NRA é responsável por organizar eventos com exibição de novas armas, outros tipos de materiais bélicos e até mesmo discursos com o ex-presidente republicano Donald Trump, ferrenho defensor do direito às armas no país.

"A existência do mal em nosso mundo não é motivo para desarmar os cidadãos que respeitam a lei", disse Trump aos presentes na convenção anual da NRA, na última semana. "A existência do mal é uma das melhores razões para armar os cidadãos que respeitam a lei".

Biden, por sua vez, aproveitou a onda de massacres nos Estados Unidos para exigir a implementação de mudanças nas leis armamentistas do país. Em uma série de entrevistas, o presidente pede para que legisladores reduzam as facilidades para a aquisição de armas. 

“O Biden não tem sido a favor da proibição das armas, ele está querendo proibir a posse de armas de grosso calibre, como armas automáticas e rifles. Basicamente os armamentos de guerra que são liberados nos Estados Unidos”, destaca o professor.

Este passo do presidente, porém, pode gerar revolta do lobby armamentista, que interpreta a proibição da venda deste tipo de arma como o início de sanções muito maiores. “O Biden está em um contexto muito complicado, ele não é um presidente super popular, ele não é um presidente super enérgico, muito carismático. Então, acho que vai ter dificuldade de implementar uma mudança tão drástica assim na sociedade americana”, diz Neves. “Biden não me parece ser um presidente promotor de grandes mudanças”, conclui.

R7