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Forças de segurança lançam operação contra trabalhadores e ONU segue dividida sobre Mianmar

Médicos, professores, funcionários de empresas de energia elétrica e das ferrovias pararam de trabalhar desde o golpe de Estado de 1º de fevereiro que derrubou o governo civil de Aung San Suu Kyi

| Foto: STR / AFP / CP

As forças de segurança de Mianmar iniciaram nesta quarta-feira uma operação em Yangon contra os trabalhadores do sistema ferroviário em greve e que participam no movimento de desobediência civil contra os militares, enquanto a ONU não consegue alcançar um consenso para condenar o golpe de Estado. Centenas de policiais e veículos militares foram mobilizados ao redor da área de moradia dos funcionários da estação Ma Hlwa Gone, na zona leste da capital econômica do país.

"Bloqueiam as portas (dos apartamentos) e as destroem para entrar", contou à AFP uma familiar de um funcionário, que pediu anonimato por temer represálias "Consegui escapar, mas estou preocupada com os trabalhadores e suas famílias", completou. Ela disse que quase 800 funcionários do sistema ferroviário participam no movimento de desobediência civil nesta estação.

Médicos, professores, funcionários de empresas de energia elétrica e das ferrovias pararam de trabalhar desde o golpe de Estado de 1º de fevereiro que derrubou o governo civil de Aung San Suu Kyi. Os generais, que acabaram com uma década de transição democrática, prosseguem com a repressão, ignorando as críticas da comunidade internacional, dividida a respeito de Mianmar.

No Conselho de Segurança da ONU, duas versões de uma declaração conjunta - que apresentavam a proposta de uma condenação explícita do golpe e possíveis sanções adicionais - foram rejeitadas por China, Rússia, Índia e Vietnã, informaram à AFP fontes diplomáticas, segundo as quais as negociações prosseguem em busca de uma posição comum. Reino Unido, Estados Unidos e outros países ocidentais adotaram sanções seletivas.

"Paralisação total da economia"

Este movimento de desobediência civil perturba a frágil economia birmanesa, com prédios públicos vazios, escolas, hospitais e bancos fechados. Os principais sindicatos convocaram a "paralisação total da economia" para tentar interromper as atividades no país e aumentar a pressão sobre os militares. A junta ordenou que o retorno dos funcionários ao trabalho em 8 de março e ameaçou os grevistas de demissão e represálias.

Desde o golpe de Estado, o país é cenário de protestos diários. Nesta quarta-feira, em Myingyan (centro) três manifestantes pró-democracia ficaram feridos, um deles em estado grave. Mas a forte presença militar, principalmente no bairro de Sanchaung em Yangon - onde as forças de segurança cercaram centenas de manifestantes no domingo -, provocou a redução no número de ativistas.

Durante a noite de terça-feira, sete manifestantes foram detidos neste bairro, segundo a imprensa estatal. Em outra parte da cidade, as forças de segurança incendiaram barricadas improvisadas e ameaçaram incendiar os apartamentos de alguns moradores, afirmou um residente de 26 anos à AFP.

A junta parece mais determinada do que nunca a impor o regime, com operações em edifícios residenciais, hospitais, universidades, detenções em larga escala e o uso de munição letal. Ao menos 60 civis morreram e quase 2.000 pessoas foram detidas desde fevereiro, segundo a Associação para a Assistência aos Presos Políticos.

Gesto simbólico

Os militares também executaram operações contra meios de comunicação independentes e revogaram as licenças de operação. Quase 20 jornalistas foram detidos. O exército nega envolvimento na morte de manifestantes e justifica o uso da força alegando fraudes nas eleições legislativas de novembro, vencidas por ampla margem pelo partido de Aung San Suu Kyi, a Liga Nacional pela Democracia (LND).

Em um gesto simbólico, vários deputados da LND destituídos anunciaram no Facebook a designação de um de seus líderes, Mahn Win Khaing Than, vice-presidente do país, como substituto do ex-presidente Win Myint e da ex-chefe de Governo Aung San Suu Kyi, detida em um local secreto.

Os deputados que não reconhecem a legitimidade da junta, e que criaram um comitê para representar o governo civil, são acusados de "alta traição", delito que pode ser punido com a pena de morte ou uma sentença de 22 anos de detenção, advertiram os militares. Dois líderes da LND morreram quando estavam em detenção nos últimos dias.

AFP