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Especial

Funcionários dos EUA deixam de receber salário por "shutdown" do governo

Trump quer destinar 5,7 bilhões para financiar seu projeto de erguer um muro na fronteira com o México

Cerca de 800.000 funcionários públicos de vários departamentos e agências federais não receberam o seu salário nesta sexta-feira | Foto: Andrew Caballero-Reynolds / AFP / CP
Os cerca de 800.000 funcionários federais americanos afetados pelo fechamento do governo não receberão seus salários pela primeira vez nesta sexta-feira, enquanto o presidente Donald Trump ameaça recorrer a um procedimento excepcional para financiar seu projeto de erguer um muro na fronteira com o México. No 21º dia de "shutdown", que afeta parte das administrações, não parece haver avanços nas negociações entre Trump – que quer destinar 5,7 bilhões de dólares para cumprir sua promessa de campanha – e a oposição democrata no Congresso – que se nega a liberar esses fundos para financiar uma obra que considera "imoral", cara e ineficaz para combater a imigração ilegal.

Se antes da meia-noite desta sexta não houver acordo, o este "shutdown" será o mais longo da História, superando os 21 dias de outra paralisação orçamentária ocorrida entre 1995 e 1996 durante o mandato de Bill Clinton. Enquanto isso, cerca de 800.000 funcionários públicos de vários departamentos e agências federais não receberam o seu salário nesta sexta-feira.

A maioria deles recebe a cada quinzena e, por isso, o pagamento foi feito no final de dezembro. Para metade dos funcionários, considerados "não essenciais", foi dada uma licença sem salário, enquanto a outra metade se retirou temporariamente. O "shutdown" atinge vários deparamentos fundamentais, como os de Segurança Nacional (DHS), Justiça e Transporte.

"Mais de 200.000 funcionários do DHS – encarregados de proteger o nosso espaço aéreo, nossas vias fluviais e nossas fronteiras – não receberão o seu salário enquanto trabalham", denunciou Bennie Thompson, presidente democrata da Comissão para a Segurança Nacional da Câmara de Representantes.

Os principais sindicatos do transporte aéreo, entre eles os de pilotos, tripulação e controladores aéreos, denunciaram na quinta-feira que a situação está piorando, e advertiram sobre o risco que isso supõe para a segurança do país. Cerca de 2.000 funcionários se manifestaram na quinta-feira em Washington para mostrar a sua inquietação pela deterioração de suas condições de vida.

"Feitos reféns"

"Temos contas a pagar. Temos que pagar nossas hipotecas", se queixou à AFP Anthony, um funcionário público da Guarda Costeira. "Sempre tive o salário mais alto em casa e os tempos são difíceis agora que o dinheiro não chega. Felizmente temos algumas economias para sobreviver, mas não durarão muito", explicou. "Nós, funcionários, fomos "feitos reféns" pelo presidente, acrescentou.

Ao longo do país são organizadas iniciativas privas e públicas, como distribuição gratuita de comida e feiras de emprego para funcionários tecnicamente desempregados. O "shutdown" afeta também os recém-casados, que não podem legalizar a sua união pela falta de funcionários federais.

Diante de um panorama nada encantador no Congresso, Trump ameaçou recorrer a um procedimento de "emergência nacional". "Se não chegarmos a um acordo, o mais provável é que eu faça o que disse que faria", afirmou na quinta-feira ao canal Fox News, à margem de uma visita à colônia McAllen, na fronteira com o México. "Temos o direito absoluto de declarar uma emergência nacional, é um problema de segurança", argumentou o bilionário republicano.

Mas este mecanismo que concede ao presidente poderes extraordinários acabaria, previsivelmente, nos tribunais, uma situação que agravaria ainda mais a crise política. A Casa Branca planeja desviar os fundos de ajuda de emergência para áreas devastadas por desastres naturais, como Porto Rico, para financiar a construção do muro fronteiriço, segundo publicações da mídia americana. Uma paralisação prolongada do governo federal "teria um efeito considerável" na maior economia do mundo, advertiu o chefe do Federel Reserve (Fed), Jerome Powell.

AFP