Apesar da pressão dos europeus (Alemanha, França, Itália, Grã-Bretanha e União Europeia), do Canadá e do Japão, Trump não se rendeu e pediu mais tempo para decidir se seu país irá se manter no acordo ou não. Os Estados Unidos estão revisando a sua política sobre as mudanças climáticas, bem como sobre o Acordo de Paris e, portanto, "não foi alcançado um consenso", indica a declaração final.
Tomando nota desse processo, os chefes de Estado e de Governo de Canadá, França, Alemanha, Itália, Japão, Reino Unido e Comissão Europeia "ratificaram o seu compromisso de aplicar prontamente o Acordo de Paris", destaca o documento. O presidente Trump "veio para aprender e a posição adotada será a melhor para os Estados Unidos", explicou o seu conselheiro econômico, Gary Cohn.
A chanceler alemã, Angela Merkel, grande defensora do Acordo de Paris, admitiu aos jornalistas seu "descontentamento" com o resultado das discussões sobre o clima. A cúpula de dois dias, que terminou neste sábado no balneário siciliano, esteve marcada pelas discrepâncias sobre esse tema. "Toda a discussão sobre a questão do clima foi muito difícil, para não dizer insatisfatória", afirmou Merkel.
O presidente francês, Emmanuel Macron, mostrou-se mais otimista em relação aos resultados da cúpula. "Considero que houve progressos e verdadeiras discussões e trocas", declarou à imprensa, recordando o ponto de partida, quando temiam que Washington se retirasse do Acordo de Paris.
Contra as más práticas comerciais
A respeito de outro assunto espinhoso na agenda, o comércio internacional, os líderes do G7 conseguiram que os Estados Unidos abandonassem sua tendência ao isolacionismo e limaram as diferenças. Na declaração final, os países do G7 se comprometeram a lutar contra o protecionismo, assim como contra todas as "más práticas" comerciais, depois das denúncias feitas por Trump sobre o tema em repetidas ocasiões. Trata-se de uma posição equilibrada, levando em conta as preocupações americanas por um comércio mais justo.
Os sete países mais industrializados do mundo concordaram em lançar uma mensagem à Rússia, advertindo-a que estão dispostos a aumentar as sanções por conta da anexação da Crimeia. As relações com a Rússia, expulsa do então G8 em 2014, eram uma das divergências entre Trump e os outros líderes.
As sessões deste sábado começaram, a pedido da Itália, com um encontro com os dirigentes de cinco países africanos - Níger, Nigéria, Etiópia, Quênia e Tunísia - para tentar dar uma resposta comum a uma das maiores emergências mundiais, a crise migratória. Entretanto, a Itália teve que conter suas aspirações pressionada pelos Estados Unidos e o G7 se limitou a mencionar o tema em poucas linhas.
Coreia do Norte e luta antiterrorista
Na sexta-feira, os chefes de Estado e de Governo do G7 concordaram sobre o tema da luta antiterrorista, após o atentado de Manchester e o massacre de cristãos no Egito. Os sete líderes pediram aos gigantes da Internet para lutar com mais eficácia contra os conteúdos radicais, como uma medida-chave contra o terrorismo extremista e o recrutamento de combatentes estrangeiros.
Outro ponto de acordo entre os líderes do G7 foi o de advertir a Coreia do Norte de que estão dispostos a tomar medidas adicionais pelos recentes testes nucleares e de mísseis. Também se mostraram "prontos para trabalhar" com a Rússia, aliado do governo de Damasco, para encontrar uma solução política ao conflito na Síria. "Foi uma discussão de verdade. Mais autêntica do que em outras ocasiões", confessou o primeiro-ministro italiano, Paolo Gentiloni.
Depois de esclarecer suas divergências com o G7, Trump retornou para os Estados Unidos depois de se despedir das tropas americanas na base militar siciliana de Sigonella. O dia terminou com um protesto antiglobalização na zona marítima de Taormina de 2 mil ativistas em meio a estritas medidas de segurança contra um modelo econômico que aumentou a distância entre pobres e ricos.
Os líderes do G7 voltarão a se reunir este ano na cúpula do G20, que ocorrerá em Hamburgo nos dias 7 e 8 de julho, e da qual participam países como Brasil, México e Argentina.
AFP