Yánez, diretor de Planejamento Estratégico do alto comando da Aviação Bolivariana, na base aérea de La Carlota, no leste de Caracas, assegurou que "90% da Força Armada Nacional Bolivariana (FAN) não estão com o ditador, estão com o povo da Venezuela". "Com os acontecimentos das últimas horas, a transição à democracia é iminente, continuar mandando a Força Armada seguir reprimindo o nosso povo é continuar com as mortes de fome, de doenças e, Deus me livre, de combates entre nós mesmos", advertiu.
Segundo o general Yánez, "companheiros democratas" do grupo aéreo presidencial lhe informaram que "o ditador tem todos os dias dois aviões prontos". "Que vá embora!", enfatizou. "É um duro golpe para a FANB, embora não tenha comando", disse à AFP a especialista em questões militares Rocía San Miguel.
Guaidó, que neste sábado comandará uma manifestação exigindo a saída de Maduro do poder, oferece anistia aos militares que tentarem quebrar o principal apoio do governo, a Força Armada. "Convido todo o povo da Venezuela a sair pacificamente às ruas e defender o nosso presidente Juan Guaidó. Aos meus companheiros de armas, peço que não deem as costas ao povo da Venezuela, não reprimam mais", acrescentou.
A cúpula da Força Armada declarou em várias ocasiões sua lealdade absoluta ao presidente, mas a instituição mostra fissuras. Em 21 de janeiro, dois dias antes de Guaidó se autoproclamar presidente interino, 27 militares da Guarda Nacional se rebelaram contra Maduro, e após se entrincheirarem em um quartel de Caracas, foram detidos.
Essa rebelião fez explodir surtos de violência, com pequenos protestos e roubos, que deixaram em uma semana 40 mortos e 850 detidos, segundo relatórios da ONU. A ONG Controle Cidadão, presidida por San Miguel, calcula que 180 efetivos tenham sido detidos em 2018 acusados de conspirar, e 10.000 membros da Força Armada tenham pedido baixa desde 2015.
AFP