"O Ministério da Segurança Nacional informa ao povo que, em 24 de dezembro, um grupo de mercenários chadianos, sudaneses e centro-africanos se infiltraram nas localidades de Kye Ossi, Ebibeyin, Mongomo, Bata e Malabo para atacar o chefe de Estado, que se encontrava no palácio presidencial de Koete Mongomo para passar o fim de ano", declarou Nchama. "Estes mercenários teriam sido contratados por militantes equatorianos de alguns partidos de oposição radicais com o apoio de algumas potências estrangeiras", acrescenta a nota oficial, sem dar maiores detalhes.
O ministro explicou ainda que então foi ativada de imediato uma operação conjunta com os serviços de segurança de Camarões. Segundo a TV estatal, "as forças de segurança mataram um mercenário durante confrontos" em uma zona de floresta perto das fronteiras com Camarões e Gabão."Com os disparos, (os mercenários) se dispersaram nas matas fronteiriças da Guiné Equatorial", acrescentou a emissora.
Em 27 de dezembro, a polícia de Camarões prendeu cerca de 30 homens armados na fronteira com a Guiné Equatorial. Nesse mesmo dia, foram fechadas as fronteiras da Guiné Equatorial com o Gabão e Camarões, onde ocorreram as prisões. A oposição não demorou a protestar contra as acusações de envolvimento na rebelião.
Desde as eleições gerais de 12 de novembro, nas quais o poder obteve 99 das 100 cadeiras no parlamento, o partido opositor Cidadãos pela Inovação (CI), denuncia dezenas de prisões de seus militantes nas capitais política, Malabo, e econômica, Bata. "O partido CI nada tem a ver com uma tentativa de golpe de Estado, não tenho ideia do que estão falando. As autoridades não podem apresentar prova alguma", reagiu o dirigente Gabriel Nse Obiang, contatado por telefone pela AFP.
Outro partido opositor, o Convergência pela Democracia Social (CPDS), pediu, em um comunicado, a libertação dos militantes do CI e reclamou que o governo "informe à população o que está acontecendo". O embaixador da Guiné Equatorial em Paris, por sua vez, falou na semana passada de "uma tentativa de desestabilização", enquanto que o presidente Teodoro Obiang, 75 anos, denunciou uma "guerra sendo preparada contra ele".
Obiang, que dirige seu país com mão de ferro desde sua chegada à presidência mediante um golpe de Estado em 1979, é o mais antigo dos chefes de Estado do continente em termos de longevidade no poder. Em abril de 2016 foi reeleito com mais de 90% dos votos.
AFP