Uma fumaça preta de vários metros de altura era visível na capital horas após o início do incêndio. Os bombeiros ainda não conseguiram controlar as chamas. "Uma sala onde máquinas e equipamentos necessários para o processo eleitoral estavam guardados foi devastada pelas chamas", disse Imed Jamil, chefe da comissão eleitoral de Al-Russafa. "As urnas estavam guardadas em outra sala", acrescentou, assegurando que o fogo não colocaria em risco a recontagem.
O porta-voz do Ministério do Interior, o general Saad Maan, afirmou aos repórteres no local que "material eleitoral, talvez algumas urnas, queimaram, mas a maioria das urnas estão em um outro prédio e, por enquanto, estão preservadas. A operação dos bombeiros continua".
A eleição de maio, que deveria permitir ao Iraque virar a página após três anos de guerra contra o grupo extremista Estado Islâmico (EI), transformou-se num caso de justiça, aumentando o ceticismo da população quanto à honestidade da consulta popular. Diante das acusações de fraude, o Parlamento votou na quarta-feira por uma nova contagem manual dos votos. Ao mesmo tempo, cancelou o voto dos expatriados e deslocados e demitiu a comissão eleitoral que supervisionava as eleições.
Neste domingo, o incêndio foi declarado pouco depois que o Conselho Superior de Magistratura anunciou a nomeação de nove juízes para supervisionar a recontagem e substituir os membros da Comissão Eleitoral. Este novo episódio alimenta "uma verdadeira crise" após o processo eleitoral, já marcado por uma abstenção sem precedentes, aponta à AFP o cientista político Essam al-Fili. "Os iraquianos não confiam nos políticos, porque muitas forças políticas se atém mais aos postos de poder ao invés do interesse público", ressalta. Logo após os primeiros anúncios dos resultados eleitorais, as duas potências que atuam no Iraque, os Estados Unidos e o Irã, enviaram emissários para tentar influenciar a formação do futuro gabinete.
AFP