Nisman foi encontrado morto com um tiro na cabeça em seu apartamento da capital argentina em 18 de janeiro de 2015. Sua morte aconteceu dias depois de ter acusado a ex-presidente Cristina Kirchner (2007-2015) e outros ex-funcionários de seu governo de encobrir iranianos pelo atentado que matou 85 pessoas e feriu outras 300.
A Justiça provou que a bala saiu de uma arma registrada no nome do técnico de informática Diego Lagomarsino, um colaborador próximo de Nisman. Lagomarsino sempre admitiu que a arma era sua, mas disse que Nisman a havia pedido emprestada no dia anterior ao de sua morte. "Era esperado, imaginávamos que isso iria acontecer, agora recorreremos", disse à imprensa Lagomarsino.
A decisão, de 600 páginas, complica ainda mais a situação judicial de Lagomarsino, que já havia sido processado por entregar a um terceiro uma arma registrada em seu nome. Em novembro um procurador já havia pedido que Lagomarsino testemunhasse como suspeito.
O juiz Julián Ercolini resolveu denunciá-lo como partícipe necessário no delito de homicídio simples agravado.
Também ordenou seu embargo e denunciou os quatro seguranças que tinham a missão de proteger Nisman nessa noite. Eles são acusados de descumprimento dos deveres e acobertamento.
O juiz já havia decidido que Lagomarsino deveria usar uma tornozeleira eletrônica e o proibiu de sair do país, mas não decretou sua prisão. A polícia confirmou que tanto o telefone como o computador pessoal de Nisman haviam sumido do local onde ele foi encontrado morto. Nenhuma impressão digital foi encontrada no local, o que dificulta o esclarecimento deste caso que durante muito tempo foi considerado suicídio.
A reviravolta aconteceu após uma perícia realizada pela Polícia Militar argentina e assinado por 28 especialistas, entregue em 23 de setembro. Essa perícia concluiu que Nisman foi assassinado, em contraposição a uma anterior do Instituto Médico Legal da Corte Suprema, que havia excluído a presença de outras pessoas na cena do crime.
No dia seguinte ao de sua morte, Nisman explicaria no Congresso sua denúncia contra Cristina Kirchner, o ex-chanceler Héctor Timerman e outros funcionários, que acusou de tentar encobrir altos funcionários iranianos acusados pelo atentado à AMIA. A denúncia de Nisman havia sido negada em várias instâncias judiciais por "ausência de delito" até que foi reativada em fevereiro. Cristina Kirchner foi interrogada semanas atrás e qualificou a acusação de "disparate jurídico".
AFP