Desde o início de março, "112 pessoas perderam suas vidas em todo o país", declarou o secretário-geral da Cruz Vermelha queniana, Abbas Gullet, em coletiva de imprensa nesta sexta-feira. Este balanço não inclui as oito vítimas desta sexta-feira. As inundações destruíram pontes e casas. Em muitas áreas, o Exército resgatou moradores presos em suas casas submersas.
"Um total de 48.477 famílias foram deslocadas até agora, e isso representa 260.200 pessoas que estão fora de casa por causa das chuvas", disse Gullet. Mais de 8.500 hectares de lavouras foram destruídos, e pelo menos 20 mil cabeças de gado morreram.
O governo anunciou na segunda-feira que cerca de 100 escolas não seriam abertas para o segundo trimestre. Fortes chuvas também foram registradas na Somália, igualmente atingida por uma severa seca. A cidade de Beledweyne, no centro-sul do país, foi invadida pelas águas do rio Shabelle. A Amisom, a missão da União Africana na Somália, interveio para evacuar cerca de 10 mil habitantes, de acordo com sua conta no Twitter.
O presidente da Somália, Mohamed Abdullahi Mohamed, visitou a região na terça-feira. "Eu vim a Beledweyne para compartilhar com vocês a dor e as dificuldades causadas por estas inundações devastadoras. Sei que mais de 100 mil pessoas foram deslocadas pelas inundações, e muitas mais ainda estão presas na cidade", afirmou.
Aumento dos preços
Outras cidades importantes ao longo do rio também foram afetadas, e é grande o temor pelo aparecimento de doenças, indicou à AFP um membro de uma ONG local, Abdulahi Lebanon. Em Ruanda, 116 pessoas morreram, e 207 ficaram feridas nas enchentes e deslizamentos de terra desde janeiro, segundo o Ministério encarregado do gerenciamento de desastres. As inundações destruíram 120 residências, 23 estradas, sete igrejas, 11.300 acres de plantações e mataram 705 cabeças de gado, de acordo com o Ministério.
Chuvas torrenciais também atingiram a Tanzânia, matando 14 pessoas em abril, assim como Uganda, onde as enchentes destruíram casas e mataram pelo menos três pessoas, segundo a Polícia de ambos os países. As autoridades alertaram que as chuvas vão continuar. "Aconselhamos as pessoas a tomarem precauções", disse o ministro ugandense de Gestão de Desastres, Musa Ecweru. "As fazendas foram destruídas, e as estradas estão intransitáveis, o que levará a um aumento do preço dos alimentos, como já vimos em muitas partes do país", alertou.
Uma severa seca em toda a África Oriental no ano passado deixou a Somália à beira da fome, enquanto mais de três milhões de pessoas precisaram de assistência alimentar no Quênia, e quase oito milhões, na Etiópia. Como resultado, os preços dos alimentos e a inflação aumentaram na região.
AFP