Os combates duraram duas horas em torno do centro de detenção, um guarda do qual morreu. "Foi para resgatar seus companheiros detidos, uma operação de resgate", disse o guarda Peter John Bonggat ao canal local de televisão ABS-CBN, ressaltando que o ataque superou as capacidades de defesa dos vigilantes. O ataque foi lançado por uma facção dissidente do grupo insurgente muçulmano Frente Moro de Libertação Islâmica (MILF), disse Bonggat, referindo-se ao movimento armado islamita mais importante do país, com o qual o governo iniciou negociações de paz.
Ao menos 150 detidos conseguiram fugir, acrescentou Bonggat, que disse ignorar quantos deles estavam vinculados aos combatentes que atacaram a prisão. O centro de detenção é uma antiga escola situada em uma afastada zona florestal. Abrigava 1.511 detidos antes do ataque. "Os presos aproveitaram o ataque e empilharam suas camas umas sobre as outras para escapar", relatou Bonggat.
Operação de busca
Muitos grupos criminosos e movimentos rebeldes - muçulmanos ou comunistas - operam no setor de Kidapawan. "Temos personalidades muçulmanas (na prisão) que pertencem a várias organizações, vários grupos", declarou Bonggat.
Nesta quarta-feira foi ativada uma vasta operação de busca. As autoridades locais afirmam que seis foragidos foram abatidos e que outros oito foram encontrados.
Von Al Haq, porta-voz do MILF, afirmou que não conhecia a identidade dos ativistas que atacaram a prisão.
O MILF, que conta com 10 mil combatentes, observa atualmente um cessar-fogo. "É a maior fuga de nossa história", declarou Xavier Solda, porta-voz da administração penitenciária filipina. "Temos uma verdadeira falta de efetivos". Shirlyn Macasarte, governador interino da província de Cotabato, indicou que algumas informações apontavam que o ataque havia sido preparado pelos Combatentes pela Liberdade do Bangsamoro Islâmico (BIFF).
O BIFF é uma cisão do MILF desde 2008, quando negociações de paz fracassaram. Desde então, dirigiu ataques contra localidades cristãs que deixaram mais de 400 mortos e 600 mil deslocados. "Recebemos informações segundo as quais um grupo de membros do BIFF queria libertar alguns de seus irmãos, que tinham experiência em assassinatos e na fabricação de bombas", declarou Macasarte à ABS-CBN.
A região de Mindanao, no sul das Filipinas, sofre há décadas com ações armadas de separatistas muçulmanos e grupos criminosos, alguns das quais aderiram ao grupo extremista Estado Islâmico.
AFP