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Especial

Manifestação em memória de vítimas de protestos no Peru termina com quase 50 feridos

Passeata se tornou violenta quando manifestantes tentaram entrar no aeoroporto Inca Manco Cápac

| Foto: Nikolay Doychinov / AFP / CP

A manifestação organizada por moradores de Juliaca (sul) na quinta-feira em memória dos 18 civis mortos em janeiro, durante os protestos que exigem a renúncia da presidente do Peru Dina Boluarte, terminou com quase 50 feridos, incluindo policiais e menores de idade.

A passeata, a maior das 22 mobilizações registradas pela Defensoria do Povo na quinta-feira no país, se tornou violenta quando manifestantes tentaram entrar no aeroporto Inca Manco Cápac de Juliaca (1,3 mil km ao sul Lima), o local onde 18 pessoas foram mortas no mês passado.

O confronto aconteceu durante a tarde, quando a polícia tentou dispersar os manifestantes com gás lacrimogêneo, o que provocou "ferimentos, fraturas, intoxicação e insuficiência respiratória em 23 pessoas", afirma um relatório da Rede de Saúde da província San Román, no departamento de Puno. Três feridos são menores de idade, com 17, 15 e 11 anos, este último com um ferimento por arma de fogo, segundo o relatório. A Polícia Nacional do Peru informou que 25 agentes ficaram feridos após os confrontos no aeroporto.

Lima e outras cidades

Em Lima, quase 2 mil trabalhadores do principal sindicato do país, CGTP, caminharam pelas ruas do centro histórico em direção ao Congresso. O grupo chegou a 100 metros do Parlamento em uma passeata que foi vigiada de perto por policiais, mas que não teve grandes confrontos ou incidentes.

Em cidades andinas e na região de selva, perto do Amazonas, foram registradas mobilizações pedindo uma saída para a crise política, que se seguiu à tentativa frustrada de autogolpe do ex-presidente Pedro Castillo e à chegada de sua vice, Boluarte, ao poder, em dezembro passado.

Horas antes em Juliaca, centenas de pessoas, incluindo parentes e amigos das 18 vítimas fatais de janeiro, foram às ruas em uma mobilização que juntou choro, palavras de ordem contra o governo e cantos de protesto, executados com instrumentos como trompetes e tambores. "O sangue derramado jamais será esquecido" ou "Quantos mortos você quer para renunciar?" foram algumas das mensagens dirigidas à presidente Boluarte, enquanto mães e familiares exibiam fotos e imagens dos falecidos na violência dos protestos.

Choro e protesto

"Tiraram meu filho de mim, assassinando-o. Você não pode pagar pela vida do meu filho", exclamou Faustina Huanca, uma vendedora ambulante de 57 anos, em declarações à AFP. Huanca, assim como muitos manifestantes, estava vestida de preto e participou de uma missa católica na qual o sacerdote fez algumas orações e abençoou os presentes com água benta espalhada com rosas vermelhas.

"Dois policiais passaram e atiraram em mim à queima-roupa (...) Tenho mais de 70 balas de chumbo em todo o corpo, (os médicos) só conseguiram extrair oito na primeira cirurgia que fizeram. O resto ficou no meu corpo", assegurou Diego Quispe, trabalhador independente de 34 anos. "Que todo mundo saiba que em um dia como hoje, em 9 de janeiro, caíram nossos irmãos neste lugar", disse à AFP uma mulher chamada Edit, que não quis se identificar com seu nome completo e afirmou ser parente de uma vítima.

Após dois meses de convulsão social e protestos no Peru, foram reportados 47 civis mortos em confrontos durante as manifestações e um policial falecido no contexto do conflito, segundo a Defensoria do Povo. Além disso, 62 rodovias nacionais permanecem bloqueadas por manifestantes.

AFP