Mais de 37 mil pessoas se manifestaram neste sábado (12) na França, segundo dados do Ministério do Interior, convocadas por organizações de esquerda para denunciar o aumento dos "ataques contra as liberdades" com a ascensão da extrema-direita e as leis "liberticidas". Os movimentos que convocaram a "Marcha das Liberdades", realizada em 119 cidades, acreditam que esta questão foi imposta à esquerda, tendo em vista a eleição presidencial no próximo ano e o avanço da extrema-direita.
Em Paris, onde cerca de 9 mil participaram da passeata, um jovem jogou farinha no rosto do líder do França Insubmissa (LFI) e candidato de esquerda à presidência Jean-Luc Mélenchon, enquanto ele conversava com a imprensa.
Mélenchon falou de uma "enorme tensão" e "um limite que foi ultrapassado", dias depois de o presidente francês Emmanuel Macron receber um tapa durante uma visita ao sudeste da França. Esses incidentes se somam a um clima já tenso devido aos protestos policiais e ao avanço do Reagrupamento Nacional (extrema-direita) nas urnas, em um contexto de divisão da esquerda a respeito de laicismo, liberdades e segurança.
De acordo com as pesquisas de opinião, as formações de esquerda não conseguiriam ir para o segundo turno da votação presidencial, que o atual presidente disputaria contra a líder de extrema-direita Marine Le Pen. Os manifestantes também criticaram o governo de centro-direita de Macron, a quem acusam de seguir na esteira da extrema-direita, e suas recentes "leis liberticidas".
As ideias de extrema direita "deixaram de ser monopólio dos partidos de extrema-direita (...) e foram amplamente difundidas na classe política", afirmou Benoît Hamon, ex-candidato socialista à presidência de 2017.
AFP