As barras (varetas) de combustíveis usados se encontram na parte superior do reator, parado para manutenção antes do terremoto. Após dois incêndios no prédio, a piscina ficou "quase ao ar livre" e uma grande radiação escapa, destacou um dirigente do IRSN.
A temperatura da água começou a subir. Ao invés de registrar cerca de 30º, como normalmente, o tanque atingiu 80°C. O risco, com a evaporação, é de que as essas barras, ainda um pouco isoladas do exterior pelo líquido, deixem de estar submersas. Se mais água de resfriamento não for colocada rapidamente, as barras vão se desgastar e emitir dejetos diretamente na atmosfera.
Como em uma chaleira, onde os resistores queimam quando falta água, as barras correm o risco de quebrar. A cápsula de zircônio que envolve as pastilhas de combustível se oxida rapidamente, como um fósforo acesso, explicou o diretor de Segurança no IRSN, Thierry Charles. Um cenário catastrófico poderá se desenhar em 48 horas. "Uma 'evaporação completa' do reator poderia acontecer daqui a um ou dois dias, com enormes emissões já no dia seguinte", precisou Charles.
Confrontadas a esta situação inédita, as autoridades japonesas cogitam utilizar um caminhão-pipa com canhão de água para molhar o reator, após uma tentativa frustrada de recorrer a um helicóptero. Logo acima da piscina, a dose de radioatividade já estaria muito elevada para o piloto. Na pior das hipóteses, se o combustível degradado se encontrar ao ar livre, a radiação chegaria a tal ponto que "seria necessário interditar o acesso ao lugar em seguida, incluindo a entrada dos outros seis reatores ao redor", relembrou Charles.
O porta-voz da Tokyo Electric Power Co., Naoki Tsunoda, afirmou hoje que uma nova linha de energia que restabeleceria a eletricidade no complexo nuclear está “quase totalmente finalizada”. Oficiais devem testá-la “tão logo quanto possível”, mas não precisaram quando isso ocorrerá, segundo o site The Globe and Mail. A nova linha reativaria as bombas de energia elétrica, permitindo à companhia manter um suprimento de água para refrescar os tanques de armazenamento de combustível.
Mortos
O terremoto e o tsunami que devastaram o país deixaram 4.314 mortes confirmadas, 8.606 desaparecidos e 2.282 feridos, segundo um novo balanço oficial estabelecido pela Polícia Nacional e divulgado nesta quarta-feira. Esta é a cifra de vítimas identificadas até o momento, mas as autoridades acreditam que o balanço final deve passar dos 10 mil mortos.
O número de pessoas desaparecidas na cidade japonesa de Ishinomaki, na província de Miyagi, uma das mais atingidas pelo tsunami, pode chegar a 10 mil, indicou o prefeito à agência Kyodo News.
AFP