O diálogo foi retomado nesta terça-feira entre o Movimento 5 Estrelas e o Partido Democrata (PD, centro esquerda) para a formação de um novo governo, após o fim da união com a Liga (extrema-direita), de Matteo Salvini. Contra todas as previsões, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, mostrou seu apoio a Giuseppe Conte, com quem participou da reunião de cúpula do G7 em Biarritz (sudoeste da França).
Através do Twitter, Trump avaliou que "as coisas estão indo bem" para o chefe do governo, elogiando "um homem muito talentoso" que "representou fortemente a Itália no G7" e sinalizando sua esperança de que "continue sendo o primeiro-ministro".
Starting to look good for the highly respected Prime Minister of the Italian Republic, Giuseppe Conte. Represented Italy powerfully at the G-7. Loves his Country greatly & works well with the USA. A very talented man who will hopefully remain Prime Minister!
— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) August 27, 2019
Na manhã desta terça, o M5S emitiu um comunicado cancelando a reunião com o PD e exigindo, antes de continuar, que o principal grupo de esquerda validasse a permanência de Conte, que tem uma boa relação com o M5E. "Isto não funciona. Em uma fase tão delicada para o país, não há tempo a perder. Nós trabalhamos intensamente para dar uma resposta imediata aos cidadãos", completou o M5S em seu comunicado, no qual indica que não participará mais de reuniões "até que (o PD) explique oficialmente sua postura sobre Giuseppe Conte".
Graças à força de sua bancada parlamentar (foi o partido mais votado nas legislativas de 2018, com o recorde de 32%), o M5S quer um destaque na divisão dos ministérios com o Partido Democrático, mas sabe que o cenário não é tão simples. O líder do PD no Senado, Andrea Marcucci, não gostou do cancelamento da reunião entre Conte, o líder do PD, Nicola Zingaretti, e o líder do M5S, Luigi Di Maio. Ele acusou este último de colocar a potencial aliança em risco. Marcucci disse que as "ambições pessoais" de Di Maio estão colocando em perigo um acordo "para dar um novo governo ao país".
A hora do presidente Mattarella
A situação parecia ter ficado mais tranquila à tarde, quando tanto o PD quanto o M5E anunciaram a retomada das negociações. Duas delegações de parlamentares reuniram-se por cerca de uma hora e meia para "trabalhar em um documento comum". Andrea Marcucci estava otimista ao fim do encontro. "O trabalho é muito positivo, mas ainda não acabou e continuará nas próximas horas".
Stefano Patuanelli, líder do M5E no Senado, também falou de "uma boa atmosfera", observando que foi discutido em profundidade os pontos do programa com o PD e que eles terão um novo encontro na manhã da quarta-feira. De acordo com as duas delegações, nenhum nome foi mencionado para a futura composição do ministério, após uma pequena controvérsia ter surgido nesta terça sobre os supostos desejos de Luigi de Maio de assumir a pasta do Interior.
Mattarella consulta
Paralelamente, o presidente italiano Sergio Mattarella iniciou uma segunda rodada de consultas com partidos políticos italianos, mas o dia de quarta-feira será decisivo, já que ele se reunirá com as grandes formações. Mattarella espera, o mais tardar para a noite de quarta-feira, um projeto de "maioria sólida", com um programa comum e uma lista convincente de ministros.
Sem um acordo para uma nova coalizão, Mattarella convocaria novas eleições legislativas para o dia 10 de novembro, uma época ruim para a terceira economia da zona do euro, fortemente endividada e estagnada. Os mercados pareciam apostar em um acordo. O mercado de ações fechou com uma alta de 1,52%, enquanto o spread (diferença entre as taxas de juros italianas e alemãs de 10 anos) fechou com uma queda notável, de 183 pontos contra os 201 registrados na véspera.
AFP