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Especial

Trump intensifica ajuda a Guaidó em busca de voto latino na Flórida em 2020

Estado é considero peça fundamental no sistema eleitoral norte-americano

Presidente dos EUA confirmou envio de US$ 42 milhões, de longe a maior dos nos últimos 20 anos, ao país | Foto: Mandel Ngan / AFP / CP

Ao confirmar o envio para Venezuela de uma ajuda de US$ 42 milhões - de longe a maior dos nos últimos 20 anos -, Donald Trump mirava um lugar mais perto de Washington: a Flórida. Ainda que a justificativa seja reforçar o governo autoproclamado de Juan Guaidó, o anúncio procura agradar à pequena comunidade de exilados venezuelanos no Estado, estimados em 36 mil,  que cresce cada vez mais em importância na campanha à reeleição. A rejeição a um governo socialista e à maneira como trata sua população os aproximam da forte comunidade de cubanos, tradicionalmente mais conservadora e republicana. As duras políticas migratórias que têm prendido e deportado milhares de imigrantes latinos ilegais, segundo especialistas, não mudam essa tendência.

O vínculo entre esses venezuelanos e cubanos é muito direto, segundo o venezuelano Rafael Villa, professor do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de São Paulo (USP). "Os dois dizem ter tido seus países invadidos pelo socialismo. Ideologicamente, são antichavistas e anticastristas - e isso se repercute em votos para Trump e outros candidatos republicanos na Flórida", afirmou Villa. Esses venezuelanos têm um perfil diferente dos que imigraram para os países da América Latina, fugindo da crise. Eles têm escolaridade e renda mais altas e, de acordo com o professor, costumam ser mais politizados.

Os eleitores latinos na Flórida saltaram de 1,7 milhão, em 2014, para 2,4 milhões, em 2018, e estão, em sua maioria, registrados como democratas ou independentes. Em geral, eleitores latinos tendem a votar no Partido Democrata. No entanto, no diversificado eleitorado do sul da Flórida, as políticas do governo Trump para a Venezuela, assim como a reversão de decisões do ex-presidente Barack Obama para Cuba, devem ter um significativo impacto para a campanha.

Conquistar a Flórida é crucial para Trump se manter na Casa Branca por mais quatro anos. Uma vitória no Estado rende isoladamente 29 votos no Colégio Eleitoral. Para vencer uma eleição presidencial americana é preciso ter 271 dos 538 delegados. Outros dos Estados que possuem grandes números de delegados são tradicionalmente "azuis", ou seja, dominados por democratas.

A estratégia para vencer na Flórida passa por assegurar os votos da comunidade branca e rica do norte do Estado e das minorias latinas - cubanos, venezuelanos, colombianos e porto-riquenhos - concentradas no sul, segundo explicou ao Estado o professor de ciências políticas da Florida International University Eduardo Gamarra. O Estado costuma manter sua decisão incerta até o último momento.

"A Flórida é o Estado do 1%. As eleições quase sempre são definidas por 1% dos votos. Em 2000, o presidente George W. Bush ganhou com menos de 1%. Na última, Trump ganhou por 1,5%. Em 2020, teremos a mesma situação", assinala Gamarra, especialista em eleitorado latino. Em uma votação muito apertada, os votos dos venezuelanos podem fazer a diferença.

Outra estratégia para agradar a esses eleitores é destacar os bons números do emprego. O cientista político da Universidade de Iowa Tim Hagle explica que, apoiada por estatísticas, a campanha republicana vem destacando os baixos números históricos do desemprego para esse e outros grupos minoritários dos EUA. Apesar de o Partido Republicano já ter mencionado a necessidade de expandir o mapa eleitoral em 2020 e de conquistar lugares vencidos pelos democratas nas últimas eleições, como Oregon e Novo México, Trump tem feito incendiários comícios em Estados que ele venceu em 2016, incluindo Flórida. Em entrevista ao Washington Post, na sexta-feira, uma fonte da campanha republicana afirmou que a ideia é solidificar o apoio dos grupos que o elegeram nesses Estados onde a margem de vitória é pequena.

Enfraquecido

Para a Venezuela, mesmo o envio da ajuda não terá muito impacto, segundo Gamarra, a não ser o de manter Guaidó ativo. Mas, enquanto tenta mostrar aos venezuelanos que busca fazer algo para seu país, Trump está de mãos atadas. "Maduro está absolutamente consolidado no poder e acho que os EUA estão fora da equação de uma solução", diz Gamarra. Rafael Villa afirma que a perda de apoio de Guaidó é perceptível. Ele conta que acabou de visitar seus pais na cidade de Valera (Estado de Trujillo), quando teve a oportunidade de ver passar uma esvaziada caravana do líder opositor. "A população está muito cansada, lutando por sua sobrevivência. Nenhum dos dois lados consegue mobilizar mais", afirma.

AE