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Vice-prefeito do Porto vê gestão da informação e mobilidade como desafios

Vice gestor da metrópole portuguesa projeta fim do "privilégio" dos carros nas ruas

Vice gestor da metrópole portuguesa projeta fim do "privilégio" dos carros nas ruas | Foto: Fernanda Pugliero / Especial CP
O Correio do Povo conversou com Filipe Araújo, recém empossado vice-presidente da Câmara Municipal do Porto (função semelhante à do vice-prefeito em Portugal). As últimas eleições municipais portuguesas ocorreram em 1º de outubro. A entrevista foi realizada durante o Web Summit, em Lisboa, no dia 7 de novembro. Araújo não tinha muito tempo, pois passou pela conferência apenas naquele dia para participar de um único evento, ligado a startups. “Não posso me afastar do Porto”, justificou.

Número dois no comando da segunda maior cidade de Portugal, Araújo tem o passado ligada às áreas da tecnologia e inovação. Acumula o cargo de vice-presidente da Câmara com a responsabilidade pela Pasta de Ambiente e Inovação. Para ele, os maiores desafios das cidades na próxima década (e aqui fala não apenas sobre o Porto) são a gestão da informação e a mobilidade. “Daqui a dez anos, vamos ser intolerantes a certas coisas com as quais hoje convivemos, como a ocupação privilegiada dos carros nas ruas”, afirma.

Ele diz ainda que essa situação de intolerância será mais evidente quando veículos autônomos (que não necessitam de condutor para se locomoverem) integrarem o trânsito. “Eu acredito que esse tipo de serviço será extremamente importante para prestar serviços às pessoas da terceira idade, por exemplo”. Ele aponta que a apropriação do espaço público será diferente nesse novo contexto. “Teremos uma menor necessidade de estacionamentos, com maior incentivo ao uso do transporte público”, exemplifica.

Em termos de gestão, o Porto aposta na digitalização de todos os sistemas de controle. A interligação digital permite a coleta de dados para facilitar a tomada de decisão. “Estamos em um processo ainda muito reativo, mas queremos tornar-nos proativos. Para isso, é preciso recolher informação e trabalhar com ela”, indica. Araújo cita como exemplo o Centro de Gestão Integrada, de onde a Polícia, Bombeiros, Proteção Civil, órgãos de Ambiente e Trânsito monitoram a cidade a partir de 150 câmeras. “A gestão de uma cidade em crescimento precisa ser feita de uma nova forma”.

Seguindo a tendência proativa, desde 2014, o Porto possui sua própria rede de fibra ótica, chamada Porto Digital, que abrange 99% da cidade. O projeto, orçado em 80 milhões de euros, levou cinco anos para ser concluído. Por conta da rede de fibra, que atende à estabelecimentos privados, públicos e residências, tornou-se também possível melhorar o trânsito. Em abril desse ano, a modernização do sistema de controle de tráfego foi anunciada pela Câmara (equivalente à Prefeitura). A última atualização havia ocorrido em 1993. O investimento será de 10 milhões de euros.

Após as mudanças estarem concluídas, será possível controlar remotamente os semáforos de acordo com o fluxo do trânsito. O sistema prevê ainda a instalação de novas câmeras de vigilância de tráfego e o controle de sinalização dinâmica para as ruas exclusivas a pedestres (muito comuns em Portugal e semelhantes à parte da Rua dos Andradas, em Porto Alegre).

Para além da digitalização e modernização das infraestruturas, um dos maiores desafios no momento é a disponibilidade de habitação. Portugal vivencia a maior crise imobiliária dos últimos anos, com a chegada de turistas e imigração em massa. O preço dos alugueis e imóveis disparou nas maiores cidades do país. “Quando temos uma cidade em franco crescimento, o setor privado precisa acompanhar a oferta, em termos de espaços de escritórios ou de habitação particular”, afirma Araújo. Ele aponta que o setor público tem tomado medidas para incentivar a construção de imóveis de renda controlada. “Esse é o nosso maior desafio. Queremos também continuar a ser conhecidos como uma das cidades com a melhor qualidade de vida da Europa”.

Fernanda Pugliero