Dois policiais militares de Porto Alegre foram presos em uma investigação da 5ª Delegacia de Homicídios (DPHPP) na última semana. Eles são suspeitos de torturar e matar um jovem de 20 anos em dezembro de 2019. Conforme o delegado Luis Firmino, a suspeita do crime recaiu sobre os PMs quando a mãe da vítima, no dia 27 de dezembro, procurou a polícia para relatar o desaparecimento do filho.
De acordo com o relato, na manhã do dia 26 ele teria sido abordado por uma viatura do 20º BPM, no bairro Bom Jesus e não foi mais visto. O corpo foi encontrado próximo ao meio-dia, na mesma data, no bairro Jardim Carvalho. O cadáver estava nas margens de um córrego, próximo do Beco Souza Costa. Ele tinha marcas de agressões, semelhantes a lesões provocadas por cassetetes. Nos pulsos, havia marcas de cordas ou algemas. Com base em provas coletadas ao longo da investigação e imagens de câmeras de monitoramento, a Polícia Civil chegou até os militares, que foram presos preventivamente. O inquérito deve ser concluído até o fim do mês. Um terceiro PM também é investigado pela participação no crime. Os nomes não foram informados. A vítima não tinha antecedentes. Segundo Firmino, apenas um registro por receptação.
O corregedor-geral da BM, tenente-coronel Marcio Roberto Galdino, informou que a investigação está a cargo da Polícia Civil. A Corregedoria apoiou no cumprimento dos mandatos por se tratarem de PMs. Segundo Galdino, os policiais foram afastados das funções. O comandante do 20º BPM, tenente-coronel Fernando Gralha Nunes, disse que a situação constrange o batalhão, mas que é cedo para apontar a culpa, pois o inquérito ainda não foi concluído. Ele preferiu não comentar nada que pudesse identificar os PMs.
Responsável pela defesa dos policiais, através de nota, o Escritório Hoffmeister & Leal Advocacia, destacou que “a prisão está sendo utilizada para coagir os investigados. Não há justa causa para a prisão, uma vez que a maior parte dos atos de investigação já foram realizados”. O advogado David Leal garantiu que nenhuma testemunha corre risco e que isso “foi uma alegação vazia empregada para instrumentalizar a prisão. A defesa ponderou ainda que a questão irá se esclarecer “pois o caso está nas mãos de um delegado sério e experiente. E qualquer produção ilícita de prova será atacada pela defesa”. Os dois PMs que estão presos, termina o texto, “irão exercer o direito ao contraditório e à ampla defesa, no momento oportuno”.
Jessica Hübler