Familiares vieram de Belo Horizonte e de Brasília para despedir-se do garoto de 13 anos. Os dois irmãos, um de 6 e 8 anos, e a mãe Bárbara, ficaram a maior parte do tempo ao lado do caixão de João Pedro. O pai, Leonardo Calembo, que se dispôs a falar em nome da família, disse em meio a dor que é preciso atentar para a ausência dos pais na educação dos filhos. "Hoje em dia há muitos órfãos de pais vivos", disse, enfatizando o papel da paternidade, na tentativa de apontar alguma lição em meio à tragédia.
Leonardo disse que acompanhava o filho, ia às reuniões da escola, estava ao lado dele quando ele participava de atividades como competições de astronomia. "O Brasil precisa de pais e mães. Nossos presídios estão cheios de jovens que não tiveram educação em casa. Crianças que sem referências só pensam no eu e não no outro", disse.
O pai de João Pedro negou, em entrevista ao Estadão na sexta-feira, que o filho fosse desafeto do autor dos disparos. Neste sábado, ele disse que o filho era tranquilo e fazia missões pela igreja.
Outros familiares apontaram qualidades, como a doçura, gentileza e a educação. "Ele era um amor. Minha avó é era louca por ele. Quando ele ia visitá-la, ele falava que amava o cheiro da casa e pedia cafuné", conta um tio do garoto, Marcos Freitas, 26 anos, que veio de carro de Belo Horizonte despedir-se de João Pedro. Ele faz referência a uma bisavó de João Pedro. "A minha avó estava feliz porque o meu avô passou por uma cirurgia com sucesso, mas isso estragou tudo", disse, com o olhar fixo no horizonte.
AE