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Verão

Especial

Investigada hipótese de emboscada e tiro intencional contra policial militar morto em Porto Alegre

Polícia Civil analisa imagens de câmeras, entre outras diligências, para esclarecer o crime ocorrido no bairro Sarandi

Delegado Eibert Moreira Neto disse que vítima foi baleada pelo colega de farda em um segundo momento depois do confronto com pistoleiros | Foto: Alina Souza / CP

A Polícia Civil já tem a principal linha de investigação no caso do soldado Lucas Oliveira, 37 anos, do 20º BPM, baleado e morto por um outro brigadiano, no final da tarde da última segunda-feira na avenida 21 de Abril, no bairro Sarandi, em Porto Alegre. O crime ocorreu após pistoleiros armados aparecerem e atirarem na direção deles no momento em que os dois conversavam junto ao Hyundai HB20 da vítima, estacionado no local.

“Trabalhamos com a hipótese que o disparo tenha sido intencional e voluntário. Ele realmente tinha vontade de efetuar o disparo contra Lucas. É possível que tenha sido uma emboscada”, declarou o diretor da Divisão de Inteligência Policial e Análise Criminal do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), delegado Eibert Moreira Neto, à reportagem do Correio do Povo na manhã desta quarta-feira.

“A gente percebe pelas imagens que o autor do disparo levanta atrás do veículo e faz um contato visual com a vítima e efetua um único disparo no rosto que leva ao óbito”, observou o delegado Eibert Moreira Neto. “A vítima vinha com a arma para baixo. Não oferecia perigo. O autor do crime teve tempo hábil para contato visual”, acrescentou.

O autor do tiro, de 34 anos, que atua em Bagé, encontra-se preso em um quartel da BM. “Ele será interrogado em um momento oportuno”, adiantou o delegado Eibert Moreira Neto. A pistola calibre 45 do brigadiano e a pistola calibre 380 da vítima foram recolhidas e estão com o Instituto-Geral de Perícias. Ambas as armas são de propriedade particular dos envolvidos.

Conforme o diretor da Divisão de Inteligência Policial e Análise Criminal do DHPP, a hipótese inicial sobre a atitude do autor do disparo, que também não é descartada, é de que ocorreu uma legítima defesa putativa. “É quando o agente acredita estar em legítima defesa, salvaguardado pelo excludente da ilicitude, porém não estava pois não era alguém que queria matá-lo”, explicou.

A mudança da linha de investigação aconteceu quando os policiais civis reavaliaram as imagens do crime que ficaram registradas por um circuito de câmeras de monitoramento no local. “Durante troca de tiros com os indivíduos, o autor levanta a cabeça e visualiza cenário e se abaixa novamente. Ele não se confrontou, mas só se escondeu…”, constatou.

O delegado Eibert Moreira Neto disse ainda que dois pistoleiros se aproximaram e “já de imediato sacam as armas e começam a atirar”. De acordo com ele, o autor do crime abriga-se atrás do veículo e a vítima no interior do carro. “Lucas efetuou alguns disparos contra os suspeitos que fogem”, afirmou, salientando que um dos indivíduos ficou ferido. “Têm vestígios de sangue no percurso da fuga”, apontou.

Após a fuga da dupla de atiradores, a vítima foi verificar a situação do amigo que estava atrás do automóvel, sendo então baleada e morta. O brigadiano que atirou deixou em seguida o local. “A dinâmica é muita clara: a morte do policial não foi no confronto, mas foi um disparo único pelo outro em segundo momento”, sintetizou.

O trabalho investigativo incluirá a verificação da relação de amizade entre os dois policiais militares, os passados de cada um deles, coleta de depoimentos, análise de imagens, aguardo dos laudos periciais e exame de um processo administrativo da vítima dentro da BM que motivou o afastamento das funções, entre outras diligências. “Queremos chegar na motivação do crime", resumiu.

SEPULTAMENTO

O corpo do soldado Lucas Oliveira foi sepultado na manhã desta quarta-feira no Cemitério Municipal de Santana da Boa Vista, terra natal dele. Os atos fúnebres ocorreram antes no CTG Marca dos Tempos. O policial militar deixa esposa e um filho. Ele ingressou na Brigada Militar em 2007.

O 20º BPM divulgou nota de pesar na qual “se solidariza com os familiares e amigos do Sd Lucas”. A Brigada Militar abriu um Inquérito Policial Militar (IPM) para apurar as circunstâncias e responsabilidades no caso.

NOTA OFICIAL

Os advogados David Leal e Raiza Hoffmeister, que representam o brigadiano detido, emitiram uma nota oficial. “Nosso cliente e sua família lamentam profundamente o falecimento do colega, um policial militar. O caso é bastante complexo. Dois indivíduos se aproximam dos dois policiais, que são amigos há anos, e logo começa o tiroteio. Ao que parece, os criminosos que chegaram disparando queriam executar os policiais. Ainda é muito cedo para qualquer conclusão, por mais que levantemos nossas hipóteses, com base em algumas testemunhas. Temos de aguardar as investigações para podermos apresentar uma posição mais precisa. Por ora, o meu cliente está preso e aguardamos o parecer do Ministério Público para que a juíza decida sobre o pedido de liberdade”, manifestaram-se os advogados David Leal e Raiza Hoffmeister no comunicado.


Foto: Record TV RS / Especial / CP

Correio do Povo