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Especial

João de Deus aparece pela 1ª vez em Abadiânia após denúncias de abuso sexual

Chegada do médium a um centro espírita foi marcada por tumulto

Por conta da agitação, João de Deus ficou apenas dez minutos no local e foi embora | Foto: Marcelo Camargo / Agência Brasil / CP
Foram dez minutos de tumulto e gritaria. Assim que desembarcou num Ford Ka branco, João de Deus foi cercado por seus funcionários, fez uma visita de menos de dez minutos à sala de atendimento e retornou. Jornalistas acompanharam o trajeto, mas foram impedidos de se aproximar do médium, que fez a primeira visita ao centro Dom Inácio de Loyola depois de ser acusado de abuso sexual por mulheres que buscaram a casa em busca de tratamento espiritual.

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No trajeto, funcionários gritavam: "Respeitem! Ele vai falar." A promessa, no entanto, não se concretizou. Apesar do amplo espaço, não foi providenciado um local para a entrevista. O médium saiu sem dar entrevista, mas disse, entre um grito e outro de seus funcionários, que cumpria uma missão dada há 60 anos. E afirmou: "Eu sou inocente".

Na confusão, voluntários chegaram a agredir jornalistas. A chegada no centro ocorreu por volta das 9h20min desta quarta-feira, um horário pouco usual. João de Deus, cujo nome de batismo é João de Faria, horas antes havia desembarcado no aeroporto de Anápolis de um voo procedente de São Paulo. Esta foi a primeira aparição pública do médium, depois que mulheres vieram a público acusá-lo de abuso sexual.

Passados cinco dias após as primeiras denúncias, mais de duas centenas de mulheres procuraram o Ministério Público para fazer relatos semelhantes. Pelo menos quatro inquéritos já foram abertos. As denúncias afetaram o movimento da casa, onde atendimentos são realizados. Por volta das 8h30min, cerca de 400 pessoas - incluindo crianças e duas pessoas de cadeiras de rodas - aguardavam a chegada do líder espiritual. Isso representa um terço do movimento habitual.

Chico Lobo, um dos funcionários da casa, afirmou que três ônibus - de São Paulo, Rio Grande do Sul e Minas - chegaram à cidade. "É menos que o de costume. Mas há também o impacto da proximidade das festas. Nesta época, tradicionalmente o movimento cai", disse.

Funcionários e voluntários da casa começaram a chegar na casa Dom Inácio de Loyola mais cedo. "Sabíamos que seríamos necessários aqui. Ele sempre esteve presente com seu amor, agora estamos prontos para defendê-lo", disse Jacilda Oliveira Soares, que desde 1985 frequenta a casa. Há alguns anos, ela se dedica a organizar as filas de atendimento.

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Primeiro, ingressam fiéis escolhidos pelo médium para formar a corrente de oração. Eles ocupam uma sala próxima na qual o líder costuma atender e ficam concentrados durante todo atendimento. Para enfrentar as longas horas, muitos trazem travesseiros ou uma almofada especial, dobrável, para proteger as costas e o quadril. Essas pessoas já estão posicionadas. São cerca de 200.

Outras 200, a maioria usando roupas brancas, estão sentadas em cadeiras situadas num pátio coberto, aguardando atendimento. As pessoas são chamadas em grupos, de acordo com a frequência que vem à casa. De acordo com funcionários, mesmo sem a presença de João de Deus, os trabalhos podem ser realizados. "Onde ele estiver, a energia dele estará aqui", diz Jacilda.

AE