A Polícia Civil deflagrou a Operação Retomada, na manhã desta quinta-feira, tendo como alvo traficantes que extorquiam moradores de um condomínio no bairro Vila Augusta, em Viamão, na região Metropolitana. Durante a ação, que contou com o apoio do 18º Batalhão de Policia Militar (BPM), foram cumpridos 12 mandados de busca e apreensão, além de quatro ordens de prisão preventiva.
Conforme o delegado Alexandre Luiz Fleck, titular da 2ª Delegacia de Polícia de Viamão, integrantes de uma facção obrigavam moradores do Condomínio Viver Augusta a pagarem uma taxa mensal de R$ 170. "Em junho, traficantes que coagiam moradores no Condomínio Viver Augusta foram alvo da Operação Quimera. Contudo, novas ocorrências foram registradas no local", destacou.
O delegado relata também que moradores que se recusassem a pagar a mensalidade eram ameaçados, torturados e expulsos do imóvel. As 'taxas de condomínio', explica ele, eram depositadas via pix em uma conta gerida pelos criminosos.
Ainda segundo Fleck, que coordenou a operação, as investigações tiveram início no dia 11 de julho, quando um morador foi torturado com golpes de martelo. A sessão de tortura foi transmitida para o líder da esquema, que assistiu por chamada de vídeo, dentro do sistema prisional. "O homem foi agredido com marteladas nas mãos e braços, por ter se negado a pagar os valores exigidos. Ele também foi ameaçado de morte caso procurasse a polícia", afirmou o delegado.
Na ação, que contou com 80 policiais civis e militares, foram presas preventivamente a companheira do líder do bando, responsável pela conta em que os valores eram depositados, e uma comparsa dela, encarregada de realizar as cobranças. Outra mulher foi presa em flagrante, por tráfico de drogas. Um terceiro mandado de prisão preventiva foi decretado contra o detento que comandava as extorsões.
Um dos alvos permanecia foragido até o momento desta publicação. Trata-se de um traficante, apontado como um dos participantes das sessões de tortura, que também atuava como porteiro do condomínio.
O Correio do Povo apurou que o esquema era comandado por Wagner da Silva Nunes, que cumpre pena na Penitenciária Estadual do Jacuí (PEJ). Conhecido como 'Lacraia', o criminoso seria integrante de uma facção com origem no bairro Bom Jesus, na zona Leste de Porto Alegre, que também tem atuação na região Metropolitana.
Marcel Horowitz