person Entrar

Capa

Notíciasarrow_rightarrow_drop_down

Esportesarrow_rightarrow_drop_down

Arte & Agendaarrow_rightarrow_drop_down

Blogsarrow_rightarrow_drop_down

Jornal com Tecnologia

Viva Bemarrow_rightarrow_drop_down

Verão

Especial

Organização criminosa que aplicava Golpe do Cartão Clonado é alvo da Polícia Civil

Maiores vítimas são idosos, sendo que apenas em Santa Maria o prejuízo foi superior a R$ 550 mil

Houve o cumprimento de 56 ordens judiciais no Rio Grande do Sul e São Paulo | Foto: PC / Divulgação / CP

A Polícia Civil deflagrou na manhã desta terça-feira a operação Alcateia com o objetivo de desarticular uma organização criminosa que aplicava o chamado Golpe do Cartão Clonado. A ação foi conduzida pela delegada Débora Dias, titular da Delegacia de Proteção ao Idoso e Combate à Intolerância (DPICOI) de Santa Maria, e delegado Gustavo Pereira, que chefia a 1ª DP de Pelotas. Farta quantidade de telefones celulares, chips e cartão débito/crédito, bem como documentos, quantias em dinheiro e anotações, foram apreendidos, sendo fechadas duas centrais telefônicas.

Houve o cumprimento de 20 mandados de prisão preventiva e de outros 56 mandados de busca e apreensão no Rio Grande do Sul (Santa Maria, Cachoeira do Sul, Rio Pardo, Passo Fundo, Pelotas, Rio Grande, Erechim, Caxias do Sul e Soledade) e em São Paulo (São Caetano do Sul, Pindamonhangaba, Caieiras, Santana de Parnaíba, Praia Grande e Cajamar). Os agentes já prenderam 16 criminosos envolvidos no estelionato, incluindo os dois líderes do esquema. A ação realizada nesta terça-feira teve apoio da Polícia Civil de SP.

As investigações duraram cerca de seis meses. Os policiais civis constataram que a base da organização criminosa é na capital São Paulo, causando vítimas em todo o país. Há fortes indícios de que o grupo possui ligações com a facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC). Os agentes da DPICOI já identificaram 43 criminosos com participação direta e indireta nos crimes.

Várias cidades gaúchas tiveram vítimas Apenas na cidade de Santa Maria, entre início de janeiro e começo de dezembro deste ano, foram praticados 67 golpes, com prejuízo às vítimas, sobretudo idosos, totalizando em mais de R$ 550 mil.


Foto: Polícia Civil / Divulgação

GOLPE

A equipe da DPICOI apurou que o golpe começa com a realização de uma ligação para a vítima, geralmente pessoa idosa, onde o interlocutor identifica-se falsamente como funcionário de uma central de monitoramento de cartões ou falso departamento de segurança. Ele solicita confirmação de supostas compras, via de regra, realizadas em outros estados. A vítima relata que não foram autorizadas as “supostas” compras e nem autorizadas.

Em seguida, o criminoso orienta a vítima a ligar para o seu banco, para o número existente no verso do cartão bancário. Então, a vítima, acreditando que foi alvo de uma “clonagem” de cartão, liga para o número verdadeiro da central bancária, mas os criminosos desviam a sua ligação por meio de uma central telefônica que tem instalado o sistema um equipamento para call center.

A partir daí, a vítima passa a falar com outro criminoso, que se identifica como funcionário de uma central de segurança do banco e confirma que o cartão da vítima foi clonado e que estão sendo feitas compras. Esse suposto funcionário diz que será necessário realizar um procedimento de bloqueio do cartão e também uma “investigação de clonagem”. A vítima é orientada a inserir alguns dados pelo teclado do telefone, dentre os dados solicitados está a senha do cartão, que é inserida pela vítima quando uma gravação eletrônica preparada pelos criminosos, a solicita.

Neste processo, o estelionatário está do outro lado da linha dizendo que a ligação é segura e está sendo gravada. A vítima é orientada a cortar ao meio o seu cartão bancário, sem danificar o chip, escrever uma carta contestando as supostas compras e autorizando uma “investigação junto ao banco e polícia civil ou federal”. Em seguida, é solicitado que a vítima entregue o cartão cortado e a carta, dentro de um envelope lacrado (com cola e grampos), em uma agência de outro estado, naquele mesmo dia.

Em geral, a vítima diz que não tem condições de fazer isso, sobretudo agora com a pandemia do novo coronavírus. Então, o criminoso fala que mandará um representante até a casa da vítima para recolher o envelope com o cartão e a carta. Dessa forma, outro criminoso, chamado de “motoca” ou “retira”, vai até a casa da vítima e apanha o seu cartão.

Os criminosos comunicam-se o tempo todo e a senha é repassada para o indivíduo que está em posse do cartão. Assim, a organização criminosa efetua rapidamente saques e compras via máquinas de cartão débito/crédito que estão em poder do indivíduo que apanhou o cartão. Nesse mesmo período, o criminoso que está falando com a vítima solicita que o seu aparelho celular seja desligado por algumas horas para que sejam feitas atualizações de segurança. A intenção é fazer com que a vítima não receba alertas enviados pelo banco a respeito dos saques, compras e transferências efetuados pelos golpistas.

Os “motocas” ou “retiras” estão a todo o momento em comunicação com a base em São Paulo. O local de onde partem as ligações já foi identificado e foi um dos mandados de busca e apreensão. Trata-se de um recinto com boxes de mesas como se fosse um call center.

O trabalho investigativo apontou os dados de cerca de 62 mil vítimas, na totalidade idosos, foram vendidos para os criminosos por uma empresa. As informações incluem nome completo, data de nascimento, endereço completo, telefones fixo e celular, email, escolaridade, profissão, aposentadoria ou não, banda larga de internet, renda, banco utilizado e agência bancária. Com isso, os golpistas conseguem passar credibilidade.

Correio do Povo