A pesquisa apontou ainda que o início do uso se dá entre 7 e 14 anos pela utilização do álcool, dentro do ambiente familiar e muitas vezes por meio de familiares. A experimentação da cannabis se dá de dois a cinco anos depois do início de uso de outras substâncias.
Nas cidades brasileiras, foram identificadas 48 pontos de consumo de substâncias ilegais e observados 667 usuários de cannabis, sendo sua maioria aparentemente de jovens entre 15 a 25 anos (84,1%), do sexo masculino (91,7%) e de cor branca (65,8%). O uso é predominante ocorre no turno da noite (64,2%), sendo 91,4% fazem a utilização do tipo compartilhado. No momento do uso, observou-se que 21,2% também faziam uso de álcool e 27,8% de tabaco.
Os entrevistados apontaram que, nos últimos dois anos, houve diminuição de circulação da substância, causando aumento de preços. Além disso, revelaram que optam por comprar de terceiros para evitar o contato com traficantes e por medo de abordagens policiais.
Quanto às características dos pontos de uso, 32,2% dos lugares possuíam boa manutenção e 40% boas condições de limpeza. Os principais locais de utilização observados no levantamento foram praças e parques (69,9%), com bancos públicos (74,2%) e monumentos (53,3%). A ocorrência de prostituição (3,3%) e tráfico (6,6%), assim como de policiamento (9,3%), nestes locais, mostrou-se baixa.
Gaúchos se sentem mais inseguros do que catarinenses em suas cidades
Na pesquisa quantitativa domiciliar foram levantados dados relativos à vitimização e percepção social sobre segurança e política de drogas em municípios do Rio Grande do Sul que fazem fronteira com Uruguai, municípios do Rio Grande do Sul que não fazem fronteira com Uruguai e municípios de Santa Catarina. Ao todo, foram realizadas 2.036 entrevistas.
Na pesquisa, em comparação com o estado vizinho, os gaúchos se sentem mais inseguros em sua cidade, embora não tenham sido encontradas diferenças significativas entre as taxas de vitimização, o que indica que outros fatores podem estar afetando a sensação de segurança. O Uruguai é considerado um país seguro pela maioria daqueles que conhecem o país, principalmente, pelos residentes no Rio Grande do Sul.
A pesquisa revelou, ainda, que 55,61% dos entrevistados presenciaram o consumo de alguma substância entorpecente ou psicotrópica. As principais substâncias citadas foram: maconha/haxixe (52,6%), crack (14,85%) e cocaína (13,65%). No Rio Grande do Sul, há maior frequência de exposição ao consumo de maconha, comparativamente a Santa Catarina.
Entre os entrevistados, 52,36% dos entrevistados são favoráveis à legalização da maconha para fins medicinais, 9,97% são favoráveis à legalização para fins recreativos e para 8,02% dos entrevistados o tráfico de drogas deveria ser combatido com a legalização das drogas. De forma geral, Santa Catarina mostrou-se relativamente mais favorável à legalização.
Em relação ao impacto da nova política uruguaia sobre segurança, 17,72% consideram que houve piora da segurança em território vizinho. Já 41,17% dos entrevistados avaliam que houve piora da segurança em sua cidade, principalmente, pelo aumento de consumo de maconha em espaços públicos.
Em 2017, serão realizadas a segunda rodada da pesquisa de vitimização e percepção social em políticas sobre drogas na fronteira brasileira com o Uruguai e a avaliação, mensuração e análise da trajetória dos níveis de criminalidade em delitos de drogas e a estes associados. Para isso, será executada pesquisa quantitativa em autos findos de ações judiciais, tanto na Justiça Federal, quanto na Justiça Estadual.
Correio do Povo