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Especial

Polícia Civil anuncia criação da primeira delegacia de combate ao tráfico de armas no RS

Unidade deve entrar em operação a partir de março de 2024

| Foto: Polícia Civil / CP

O Rio Grande do Sul terá sua primeira delegacia especializada na investigação ao tráfico de armas. De acordo com a Polícia Civil, a unidade deve entrar em operação ainda nos primeiros meses do ano que vem, contando com ferramentas específicas de rastreio de armamento e munição. O anúncio ocorre um dia após a maior apreensão de armas, desde o início do ano, no estado, quando um arsenal de 125 peças, incluindo 55 fuzis, foi localizado no bairro Santo Antônio, na zona Leste de Porto Alegre.  

Conforme o secretário estadual da Segurança Pública, Sandro Caron, a nova delegacia vai implementar métodos de investigação que já vêm sendo adotados pela Polícia Federal, como cruzamento de dados e mapeamento de armas. "Através do trabalho especializado, vamos intensificar ainda mais as ações de desarmamento das facções. Além da asfixia financeira e do combate incisivo ao tráfico de drogas, também enfraqueceremos a circulação e a utilização de armas por parte dos criminosos", afirmou. 

O chefe de Polícia, delegado Fernando Sodré, explica que a necessidade de se criar uma estrutura especializada no combate ao tráfico de armas surgiu a partir de investigações sobre outros tipos de delitos. Segundo ele, é preciso minar os grupos que atuam como fornecedores de armamento às facções, pois esses funcionam como elo entre narcotráfico e homicídios. Em outras palavras, o comércio ilegal de armas é uma das bases de sustentação do crime organizado, sendo o pano de fundo dos demais crimes.  

"Quando fazemos uma investigação sobre tráfico de drogas ou homicídios, sempre apreendemos diversas armas. Através dessas apreensões, procuramos descobrir o fenômeno criminal em que estão envolvidas. Assim, partimos de um inquérito para outro, tendo a arma como o meio de execução dos crimes", declarou Sodré. "Percebemos que, por trás desse meio de execução, há uma rede de fornecimento. Por isso que a investigação sobre o caminho que essas armas fazem, até chegarem nas mãos dos faccionados, é um elemento fundamental para também podermos bloquear outros crimes." 

Ainda segundo chefe de Polícia, o tráfico de armas engloba diferentes formatos, como empréstimo, locação e contrabando, podendo ser feito por grupos dentro de uma determinada facção ou através de fornecedores externos. Nesse último caso, o armamento é transportado pelas fronteiras, por meios terrestres ou rios, vindo de países vizinhos como Paraguai, Uruguai e Argentina. Além disso, há também o tráfico de armas interno, quando as peças chegam ao estado através dos portos.

"Os responsáveis não são os países vizinhos, pois esse fenômeno atinge a todos. Se pensarmos somente nos traficantes de drogas, eles acabam sendo os consumidores das armas, uma vez que as utilizam para travar guerras com rivais. Só que o tráfico de armas também é um elemento que alimenta toda a cadeia criminosa e acaba trazendo dinheiro para os grupos vinculados às facções", destacou. 

Questionado sobre o inquérito da maior apreensão de armas do ano, em que um homem com registro de colecionador, atirador desportivo e caçador (Cac) é investigado por municiar traficantes na zona Sul, o delegado enfatizou que a maior fonte de armas do crime organizado ainda é o contrabando. Contudo, Sodré alerta para a necessidade de uma fiscalização mais rígida sobre a circulação e venda do armamento legalizado.   

"Eventualmente, quando se aumenta a circulação de armas dentro do país, podem haver casos de desvio de finalidade. Não podemos, no entanto, demonizar os Cacs e achar que eles são os responsáveis por isso [tráfico de armas]. É importante que se tenha um controle rígido dessa circulação, mas a maior parte das armas que vão parar nas mãos das facções continuam sendo as que não têm registro", concluiu o delegado Sodré. 

 A previsão é que a delegacia de combate ao tráfico de armas seja inaugurada em março de 2024. Ainda não há definição sobre quem será o delegado titular da unidade. 

Marcel Horowitz