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Especial

Polícia Civil lança ofensiva contra grupo criminoso que priorizou esquema de tele entrega de drogas

Com a pandemia, o faturamento cresceu neste tipo de "negócio" que atendia cerca de 3 mil usuários

Equipe tática da CORE participou da mobilização de cerca de 150 agentes durante cumprimento de 21 ordens judicias | Foto: Polícia Civil / Divulgação / CP

A Polícia Civil descobriu um vasto esquema de tele entrega de drogas para cerca de 3 mil clientes que era mantido por um grupo de narcotráfico ligado a uma facção na Região Metropolitana de Porto Alegre. Intensificado com a pandemia do novo coronavírus, o “negócio” fez com que a organização criminosa faturasse mais de R$ 100 mil por mês com a venda principalmente de cocaína mas também crack e maconha. Um único distribuidor ganhou R$ 23 mil somente em dez dias, no período entre os dias 17 e 27 de abril. Já um outro comercializava em média mais de R$ 2 mil por dia. Para atender a clientela, uma legião de motoboys e motorista de aplicativo, muitos até de uniformes, atuava dia e noite.

Ao amanhecer desta quinta-feira, a DP de Esteio, sob comando da delegada Luciane Bertoletti, deflagrou a segunda fase da operação To Go contra o grupo criminoso. Houve o cumprimento de 21 ordens judiciais sendo oito de prisão preventiva e 13 de mandado de busca e apreensão. Cerca de 150 policiais civis, incluindo a equipe tática da Coordenadoria de Recursos Especiais (CORE), foram mobilizados. A Superintendência dos Serviços Penitenciários prestou apoio na execução das ordens judiciais em um presídio. Drogas, celulares, documentos, dinheiro e armas foram recolhidos na ação que teve sete presos.

Durante os seis meses de investigações, os agentes da DP de Esteio constataram que a organização criminosa priorizou a modalidade de tele entrega de drogas ao invés de pontos fixos de venda dos entorpecentes por causa do isolamento social e para evitar aglomerações que chamassem a atenção neste período de pandemia. O atendimento da clientela ocorria sobretudo nas cidades de Esteio, Sapucaia do Sul e Canoas. O trabalho investigativo apontou que os pedidos dos clientes acontecia através do aplicativo WhatsApp, com cerca 3 mil usuários cadastrados. Máquinas de cartão de crédito eram empregadas como forma de facilitar o pagamento.

Conforme os policiais civis, a expansão de vendas no período da pandemia favoreceu tanto a organização que ela decidiu investir na aquisição de armas de fogo e munições. O grupo criminoso mantinha contatos com um atirador, que frequenta clubes de tiro da Região Metropolitana e foi considerado suspeito de abastecê-lo com armamento.

Quadrilha tinha mais de 3 mil clientes cadastrados / Foto: Polícia Civil / Divulgação / CP 

Os agentes apuraram também um aumento no recrutamento de novos membros após a transferência de um dos principais líderes de uma facção rival para uma penitenciária federal. Houve o recrutamento de pequenos traficantes que trabalhavam anteriormente para a facção da liderança transferida. Vagas foram oferecidas na cooptação dos integrantes até então rivais. A contratação ocorria de modo planejado como se fossem ofertas emprego e com promessa de comissões de venda em torno de 20% e ganhos acima de R$ 6 mil por mês, além do direito de uso livre de veículos da organização. O foco principal foi no aliciamento de jovens com participação de um “habilidoso” recrutador.

O esquema de tele entrega começava com o fornecedor de cocaína, maconha e crack fazendo as entregas diretamente ao distribuidor da organização. Por sua vez, esse armazenava as drogas em um local próprio e as preparava para a venda. Em seguida, ele repassava os entorpecentes em quantidades menores para os entregadores e alguns traficantes que atuam em pontos fixos. Com a chegada dos pedidos dos usuários via Whatsapp, os entregadores deslocavam-se até as moradias ou locais de trabalho dos clientes, sendo concluída a venda. Na maioria das vezes, os motoboys e motoristas de aplicativos simulavam que eram entregadores de aplicativos de comida.

Em junho deste ano teve a primeira fase da operação To Go apenas em Esteio, sendo cumpridos na época três mandados de prisão preventiva. A ação fez com que os ritmos do “negócio” fossem reduzidos. “Esse grupo é suspeito de ser responsável por pelo menos um terço das tele entregas de drogas na região”, avaliou a delegada Luciane Bertoletti. Já o diretor da 2ª Delegacia de Polícia Regional Metropolitana, delegado Mário Souza, observou que "a capacidade de adaptação do narcotráfico é perceptível”.

Correio do Povo