A Polícia Civil confirmou, nesta quarta-feira, a decisão de recomendar a cassação da aposentadoria do ex-delegado Moacir Fermino, apontado como autor de uma narrativa sobre rituais satânicos, criada supostamente para desvendar a morte de duas crianças em Novo Hamburgo, no Vale do Sinos. A medida, estipulada por unanimidade pelo Conselho Superior da corporação, ainda precisa ser acatada pelo Executivo Estadual antes de entrar em vigor.
O processo administrativo pelo qual Fermino foi julgado se refere a crimes ocorridos em 2017, quando o delegado afirmou que empresários teriam encomendado o sacrifício das vítimas, como parte de um rito demoníaco. A investigação apontava que as crianças foram mortas durante um ritual ocorrido em um templo, na zona rural de Gravataí, realizado por um 'bruxo' e seis cúmplices.
O delegado chegou a promover uma coletiva de imprensa, no dia 8 de janeiro de 2018, apontando o envolvimento de sete pessoas, das quais cinco foram presas. Na ocasião, Fermino mostrou inclusive uma veste, contendo uma capa e máscara de cão, que teria sido usada na cerimônia macabra. a Corregedoria Geral da Polícia Civil, entretanto, concluiu que o trabalho investigativo continha depoimentos falsos e incriminação de inocentes.
Os mortos, um menino e uma menina, nunca foram identificados, mesmo após a localização dos corpos. Segundo o Instituto-Geral de Perícias (IGP), ambos foram esquartejados e decapitados. A autoria do crime nunca foi descoberta e o caso acabou sendo arquivado.
Em 2020, o delegado foi condenado em primeiro grau pela Justiça, por corrupção ativa de testemunha e falsidade ideológica. Ele responde em liberdade, apesar de ter sido condenado a seis anos de reclusão. Mesmo após ter sido afastado da corporação, ele continuou recebendo aposentaria.
Marcel Horowitz