"Em primeiro lugar, eu gostaria de me solidarizar e dizer que essa violação é uma barbárie, uma crueldade de extremo grau. Viola diretamente a integridade física, mental e moral de todas as mulheres brasileiras. É um caso emblemático que demanda respostas emblemáticas em três esferas", disse nesta segunda-feira em entrevista à Rádio Guaíba.
As esferas referidas por Flávia são no sentido do dever do estado de investigar, processar, punir e reparar os danos à luz da perspectiva de gênero. "O crime ocorreu sobretudo porque a vítima é uma menina, uma mulher. E o que agrava a situação é a vulnerabilidade da idade, por se tratar de uma adolescente", acrescentou.
Para a secretária, outro aspecto importante deste caso e que sirva de exemplo para outros é a necessidade de assistência integral à vítima. "Temos que olhar para os suspeitos, mas também temos que olhar para a vítima, que precisa ser acolhida. O terceiro pular é lidar com ações preventivas, medidas que apontem para uma educação não sexista", completou Flávia, que também é procuradora do estado de São Paulo.
Relativização do caso
A secretária nacional de Direitos Humanos relatou indignação com a relativização do caso e com a culpabilização da vítima. "Estou indignada com a hipocrisia de transformar a vítima em ré, como se ela tivesse oportunizado a cultura do estupro. Não há como aceitar isso. É fruto de uma ideologia machista e sexista. Fiquei perplexa com as perguntas feitas pelo delegado e acho que a adolescente não pode sofrer ainda a violência institucional", declarou Flávia
Flávia se apresentou como uma "obcecada pelos direitos humanos" e garantiu não ter vínculos políticos para desempenhar seu papel à frente da secretaria. "Acho que direitos humanos é uma política de estado e não de governo. Não jogo para o público e fico feliz de tentar contribuir e possibilitar algun avanços na pasta", concluiu.
Correio do Povo e Rádio Guaíba