"Temos visto que os dados, uma vez coletados, podem ser usados para uma multiplicidade de objetivos que vão bem além das metas originais", declarou a ex-presidente do Chile. "Essa relação entre inteligência artificial e a coleta de dados sobre nossas personalidades e escolhas vão um passo além quando são usadas, por atores públicos ou privados, para manipular nossos pensamentos e mudar nossas escolhas", alertou.
"Isso não é ficção científica", disse. "Seja na eleição presidencial dos EUA, no referendo sobre o Brexit no Reino Unido ou nas recentes eleições no Brasil e Quênia, onde pesquisas falsas e desinformação foram amplamente compartilhadas, estamos vendo um aumento do uso de campanhas de desinformação e robôs nas redes sociais para influenciar opiniões e escolhas de eleitores individuais", alertou. "Talvez pensamos que isso não ocorre com nós mesmos: somos espertos suficientes para não ser afetados por um bando de robôs. Mas não tenho tanta certeza", disse.
"Aparentemente, a internet está ficando cada vez mais uma arena para forças muito sofisticadas para propaganda . seja por extremismo violento ou atores privados e mesmo autoridades estatais para objetivos políticos", advertiu. "Nesse contexto, existe alguma dúvida de que nossa liberdade para pensar, acreditar, expressar ideias e fazer nossas escolhas e viver como queremos está sob ameaça?", questionou.
"Se nossos pensamentos, ideias e nossas relações podem ser previstas por instrumentos digitais, e mesmo alterado pela ação de programas digitais, então isso representa uma questão desafiadora e fundamental sobre nosso futuro." Na avaliação de Bachelet, um dos desafios dos Estados no futuro será regular o mundo digital, além de trabalhar ao lado de engenheiros e ativistas de direitos humanos para permitir que essa esfera possa ser um local de proteção de direitos humanos. "A evolução do mundo digital é profundamente importante para os direitos humanos."
AE