A Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional do Senado vota nesta quinta-feira a indicação de seis nomes para postos diplomáticos do Brasil no exterior. Se aprovados pelo colegiado, os nomes seguem para o plenário do Senado. As indicações para chefiar missões diplomáticas são feitas pelo presidente da República.
Lula indicou quatro homens e duas mulheres para assumir a representação permanente na Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), da Organização das Nações Unidas (ONU), com sede em Viena, na Áustria, e as embaixadas no Marrocos, na Croácia, nos Emirados Árabes Unidos, em Botsuana e no Bahrein.
O posto na AIEA é pleiteado por Claudia Vieira Santos, atual diretora do Departamento de Energia do Ministério das Relações Exteriores (MRE). Ela é ministra de primeira classe da diplomacia, carreira na qual ingressou em 1995.
Nascida no Rio de Janeiro, a indicada tem 59 anos e formou-se em história pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), com mestrado em relações internacionais e comunicação pela Universidade de Boston, nos Estados Unidos. A agência da ONU é responsável por conduzir os debates internacionais de cooperação na área nuclear para promover o uso seguro e pacífico de tecnologias nucleares.
Embaixadas
• Zagrebe (Croácia): graduada em comunicação social e direito pela Universidade de São Paulo (USP), Silvana Polich, ministra de segunda classe da diplomacia, nasceu em São Paulo e tem 69 anos. Caso seja aprovada pelo Senado, será a primeira vez que Polich ocupará a chefia de uma missão diplomática. Atualmente, ela é conselheira na embaixada brasileira na Hungria e já ocupou a mesma posição na Noruega, na Alemanha e no Vaticano.
• Rabat (Marrocos): ministro de primeira classe da diplomacia, Alexandre Guido Lopes Parola é carioca e tem 58 anos. É formado em ciências econômicas pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com mestrados em economia pela Universidade de Brasília (UnB) e em filosofia pela Universidade Católica da América em Washington, nos Estados Unidos. Tem doutorado em filosofia pela mesma instituição americana, com pós-doutorado em relações internacionais e política externa brasileira pela Universidade de Oxford, no Reino Unido. Foi porta-voz da Presidência da República nos governos de Fernando Henrique Cardoso e de Michel Temer. O diplomata já atuou na Organização Mundial do Comércio (OMC) e foi presidente da Empresa Brasil de Comunicação (EBC).
• Abu Dhabi (Emirados Árabes Unidos): diretor do Departamento de Oriente Médio do MRE, Sidney Leon Romeiro é ministro de primeira classe da diplomacia. Nascido em São Caetano do Sul (SP), tem 61 anos e é formado em direito pela USP, com pós-graduação em direito internacional pela mesma instituição. Já atuou nas representações brasileiras em Israel, no Reino Unido e na Jordânia.
• Gaborone (Botsuana): representante da missão brasileira na ONU, nos Estados Unidos, João Genésio de Almeida Filho é ministro de primeira classe da diplomacia. Tem 60 anos, é natural de São Paulo e bacharel em direito pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e em filosofia pela USP. Já atuou nas representações brasileiras no Reino Unido, na África do Sul e na Suíça.
• Manama (Bahrein): atual diretor do Departamento de Administração do MRE, Adriano Silva Pucci é ministro de primeira classe da diplomacia e tem 55 anos. Paulistano, é formado em direito pela Faculdade de Direito de Curitiba, com mestrado em relações internacionais pela UnB. Já atuou nas representações brasileiras na Venezuela, no Vaticano e no Uruguai.
Mais mulheres em cargo diplomáticos
A Associação das Mulheres Diplomatas Brasileiras (AMDB) reúne mulheres diplomatas com o objetivo principal de diminuir a distância entre homens e mulheres no MRE e reivindicar maior presença feminina em cargos estratégicos no Brasil e no exterior.
Atualmente, o quadro de 1.540 diplomatas é formado por 356 mulheres (23%) e 1.184 homens, segundo dados do próprio MRE. Mulheres também nunca foram nomeadas chefes de embaixadas importantes para a política externa brasileira, como a de Washington (EUA) e a de Buenos Aires (Argentina).
A dominação masculina não é restrita à carreira diplomática. No geral, os homens têm melhores salários e são mais promovidos a cargos de gestão, mesmo que as mulheres sejam a maior parte da população (51%) e tenham mais qualificação superior (mulheres somam 23,5%, e homens, 20,7%).
No caso da diplomacia, a falta de visibilidade das mulheres na carreira ocorre 105 anos depois de a primeira pessoa do sexo feminino ter conseguido ingresso no Itamaraty. Em 1918, a baiana Maria José de Castro Rebello Mendes, então com 27 anos, precisou recorrer ao jurista Ruy Barbosa e ao então ministro das Relações Exteriores, Nilo Peçanha. Sob pressão, Peçanha cedeu e autorizou a inscrição de Maria José no concurso para diplomata.
A nomeação da embaixadora Maria Laura da Rocha como a número 2 do Itamaraty, anunciada em dezembro de 2022, foi uma conquista inédita para as mulheres da carreira. Ainda na transição do governo, havia pressão de diplomatas mulheres para a escolha de uma chanceler ao posto mais alto do MRE. O cargo acabou ocupado por Mauro Vieira, que é um dos diplomatas mais próximos do ex-ministro Celso Amorim, assessor especial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para assuntos internacionais.
R7