person Entrar

Capa

Notíciasarrow_rightarrow_drop_down

Esportesarrow_rightarrow_drop_down

Arte & Agendaarrow_rightarrow_drop_down

Blogsarrow_rightarrow_drop_down

Jornal com Tecnologia

Viva Bemarrow_rightarrow_drop_down

Verão

Especial

Ex-dirigente do COB diz que procurou negociador de votos por ordem de Cabral

Ex-governador do Rio descartou ter dado orientação e disse só ter encontrado senegalês em uma oportunidade

Ex-governador do Rio descartou ter dado orientação e disse só ter encontrado senegalês em uma oportunidade | Foto: Fernando Frazão / ABr / CP
Fiéis aliados durante a campanha para que o Rio de Janeiro fosse escolhido sede da Olimpíada de 2016, o ex-governador do Rio Sérgio Cabral (MDB) e o ex-diretor do Comitê Olímpico do Brasil (COB) Leonardo Gryner deram declarações conflitantes. Os depoimentos ocorreram durante interrogatórios que prestaram nesta quinta-feira ao juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro, em mais uma etapa do processo que investiga a compra de votos para a realização do evento esportivo.

Gryner afirmou ter se apresentado ao empresário Arthur Soares por orientação de Cabral. Logo em seguida, o ex-governador, que não havia presenciado a afirmação de Gryner, negou com veemência que tenha lhe dado essa orientação. Cabral negou também afirmações feitas a seu respeito pelo seu ex-assessor Carlos Miranda e ainda acusou o Ministério Público Federal de ter "preconceito racial" por desconfiar que dirigentes esportivos africanos venderam seus votos para eleger o Rio sede da Olimpíada.

Cabral disse que só encontrou uma vez Lamine Diack, senegalês que teria negociado votos para o Rio enquanto era presidente da Associação Internacional de Federações de Atletismo (IAAF) e membro do Comitê Olímpico Internacional (COI). Segundo Cabral, esse encontro ocorreu durante um evento e não foi a sós - cerca de dez pessoas estavam presentes, disse. Cabral afirmou ainda que não conhece nem teve contato com o filho de Lamine, Papa Diack, outro acusado de negociar votos de dirigentes esportivos africanos para a escolha do Rio como sede da Olimpíada.

O processo em que Cabral, Gryner e o ex-presidente do COB Carlos Arthur Nuzman são réus investiga se o empresário Arthur César de Menezes Soares Filho ou algum outro apoiou a campanha em troca de benefícios ilegais durante licitações para as obras necessárias à realização do evento. Soares Filho teria pago US$ 2 milhões (cerca de R$ 7,5 milhões no câmbio atual) à família Diack pelos votos, três dias antes da eleição que escolheu o Rio sede da Olimpíada.

No interrogatório desta quinta, Gryner afirmou que, durante um evento da campanha do Rio a sede da Olimpíada, o então presidente da IAAF, Lamine Diack, pediu que, em troca de votos para o Rio, o comitê de campanha investisse US$ 12 milhões (R$ 45,3 milhões) em eventos de atletismo a serem promovidos no Brasil no período anterior à Olimpíada. Gryner afirmou que levou esse pedido aos responsáveis pela candidatura do Rio, e o então governador Cabral orientou Gryner a procurar o empresário Artur Soares para tratar dessa questão. Ele então teria se apresentado a Soares, cujas empresas mantinham diversos contratos com o governo do Estado do Rio.
Cabral negou saber desse pedido de patrocínio e disse que não deu nenhuma orientação a Gryner para que procurasse Soares. Afirmou ainda que Soares "só perdeu" contratos com o governo do Estado durante sua gestão e que, se ganhou mais dinheiro nesse período, foi porque o Estado ampliou os serviços à população e os contratos em vigor precisaram ser redimensionados.

Diante da contradição entre os dois depoimentos prestados em sequência, o juiz Bretas comentou, bem humorado: "Veja como é difícil a vida do juiz", referindo-se à incumbência de decidir qual deles está falando a verdade. Cabral aproveitou para afirmar que está lendo a Bíblia, que se arrependeu de determinadas condutas e está sendo sincero.
O ex-governador também negou que, já preso, tenha contado a Carlos Miranda a respeito da compra de votos para a Olimpíada.

Em delação premiada, Miranda afirmou ter ouvido de Cabral, durante conversa no presídio supostamente ocorrida no início de 2017, que o dinheiro de Arthur Soares foi usado para comprar quatro votos na eleição do Rio. "Nessa época eu já não dava bom dia a Carlos Miranda. Quando eu percebi que ele estava costeando o alambrado (firmando acordo de delação premiada), já estava rompido com ele. Miranda não deu uma prova (da suposta conversa). É sabido pelos presos da Lava Jato (que estavam no mesmo presídio) que já não havia relação minha com Carlos Miranda", afirmou Cabral ao juiz Bretas.

AE