Um dia após anunciar ajustes no sistema de distanciamento controlado para conter a pandemia do novo coronavírus no Rio Grande do Sul, o governador Eduardo Leite afirmou que “está nas mãos do povo gaúcho” a decisão de passar pela pandemia sem maiores restrições". Em entrevista para a Rádio Guaíba, Leite defendeu o modelo de distanciamento controlado adotado há cinco semanas e que os ajustes realizados foram necessários para se ter um modelo consistente.
“O nosso modelo é de relação de confiança mútua. A gente apresenta a nossa confiança na sociedade gaúcha permitindo que as atividades aconteçam com protocolos. Se não houver a observância dos protocolos e das regras, os números vão aumentar. E os números aumentando nós vamos impor maiores restrições. Não está nas mãos do governo e sim do povo gaúcho. Nós não queremos mais restrições, mas, se for necessário, serão feitas em defesa da vida do povo gaúcho”, afirmou Leite.
Relação com governo federal
O governador falou também sobre como tem sido a relação dos líderes estaduais com a administração federal e citou a existência de mensagens contraditórias vindas de Brasília.
"Até chegamos a sugerir a ministros o nosso modelo de distanciamento, que é um modelo consistente, que é razoável e permite a conciliação da preservação da vida e o retorno da economia. Acho que não faz sentido ficar tercerizando responsabilidades. Não faz sentido achar que um governador tem prazer em colocar restrições a sua comunidade. É preciso dar crédito ao Ministério da Saúde, que tem enviado respiradores e fez a habilitação de leitos. As mensagens, porém, acabam sendo contraditórias porque o governo federal de um lado nos dá o suporte, mas de outro ataca as medidas que estão sendo tomadas, iniciativas que são unânimes mundialmente. Os governadores não estão fazendo nada de diferente do que o restante do mundo não esteja fazendo", argumentou Leite em entrevista à Rádio Guaíba nesta sexta.
Leite ainda manifestou um certo temor pela imagem brasileira no exterior por conta do combate à pandemia. "Há um receio de que a postura do presidente (Jair Bolsonaro) acabe, como já está se verificando, prejudicando a imagem do país internacionalmente, o que é economicamente impactante porque o Brasil se apresenta como um local de pouco apreço pela vida e pela saúde da população. Isso é bastante negativo. Estamos fazendo o que nos cabe", resumiu o governador gaúcho.
Questionado sobre a situação econômica do RS, Leite relatou uma melhora em junho após meses de dificuldade. "A gente está sofrendo com questôes econômicas, e isso não é uma provocação do ponto de vista ideológico. Não tenho prazer em determinar restrições para a comunidade. Estamos observando uma pequena melhoria na arrecadação. Tivemos um mês de maio bastante difícil. Entre abril e maio tivemos uma perda de receita de cerca de R$ 1,2 bilhão. Recebemos agora a parcela de R$ 500 milhões, mas ainda não é o suficiente. Só estamos fazendo as restrições porque são extremamente necessárias", disse.
Correio do Povo e Rádio Guaíba