Aliada de Bolsonaro e mãe de um dos jovens mortos em acidente causado pelo ex-deputado paranaense Carli Filho, a deputada federal Christiane Yared (PL/PR) garante que vai lutar contra o projeto do governo que pretende modificar o Código de Trânsito Brasileiro. Depois de se manifestar contrária na tribuna do plenário da Câmara dos Deputados, a parlamentar pede a relatoria da proposta.
Com o slogan "Mãe que luta por um trânsito mais seguro", a deputada diz que apesar de ter sido promessa de campanha de Bolsonaro, o presidente precisa retroceder em relação ao projeto. "A proposta de Bolsonaro não é boa para o país. Não é porque sou da base que preciso concordar com todos os projetos (do governo). O que pedimos é que a relatoria possa ficar em nossas mãos para que possamos fazer um relatório mais consciente a respeito da violência do trânsito com dados. A balança é essa: ninguém sai com intenção de matar, mas ninguém sai com intenção de morrer", disse ao Guaíba News nesta quinta-feira.
Mesmo integrante do Partido Liberal, a parlamentar disse que o Estado precisa estar presente com leis que protejam as pessoas e evitem que o sistema assistencial e de saúde seja sobrecarregado por conta de acidentes provocados pela imprudência. "O problema não é valor da cadeirinha, mas sei o valor do terreno no cemitério que pago todo o ano. E sei o valor das lágrimas que não acabam mais", completou.
Entre as mudanças propostas no projeto, constam que a punição para o transporte irregular de crianças será punido apenas com advertência por escrito. Isso quer dizer que a advertência poderá substituir a multa e a medida administrativa (retenção do veículo) aplicadas até então pelo transporte sem o uso da cadeirinha.
Além disso, o motorista poderá perder a carteira de motorista somente ao atingir 40 pontos. Atualmente, o condutor que alcançar 20 pontos terá a CNH suspensa. Outra proposta de mudança é elevar o tempo para renovação da carteira para dez anos.
Morte de filho
O acidente causado pelo o ex-deputado Luiz Fernando Ribas Carli Filho e que matou dois jovens, em Curitiba, completou dez anos em maio deste ano. O ex-parlamentar pelo Paraná foi condenado por duplo homicídio com dolo eventual a nove anos e quatro meses de prisão, pelas mortes de Gilmar Rafael Souza Yared e Carlos Murilo de Almeida. Gilmar, filho da parlamentar, tinha 26 anos e Carlos Murilo, 19.
Samantha Klein