A investigação teve como base o registro do prefixo do avião (código alfanumérico que identifica a nacionalidade de uma aeronave) nos bancos de dados de órgãos oficiais de aeronáutica e sites de registro de aviões e voos.
De acordo com o registro da aeronave no site Flight Ware, o prefixo N933PA expirou e o número foi cancelado em 30/06/2014. O jato em questão pertencia então ao Wells Fargo Bank Northwest Trustee, um administrador fiduciário. Antes disso, a aeronave - fabricada em 1983, pertenceu à Jet Aviation (1983 a 1992); foi vendida de volta à Gulfstream Aerospace Corporation (1992 a 1993) e, depois, vendida à Flo-Sun Aircraft (1993 a 2003), à NSHE Peru (2003), à Executive Aircraft (2003 a 2010), e, finalmente, à Wells Fargo (2010 a 2017) - como registra o site PlaneLogger.
Atualmente, a aeronave tem o prefixo N888SM, e pertence à empresa TVPX Ars Inc Trustee, outro administrador fiduciário. Nesse tipo de contrato, a empresa proprietária administra o título e o registro, mas não tem papel na operação ou no monitoramento da aeronave, a menos que seja instruída pela proprietária a fazer isso. O último registro de voo da aeronave N88SM foi um voo entre Miami e West Palm Beach, em outubro de 2014.
Sobre o valor de US$ 50 milhões que Lulinha (ou Lula, dependendo da versão) teria pago pela aeronave, ele está bem acima do que esse modelo valia em 2013 ou atualmente. O modelo G-1159A Gulfstream III, quando foi lançado originalmente, em 1980, custava US$ 37 milhões a unidade.
No site Controller, dois G-1159A Gulfstream III estão à venda (com preço exposto), custando US$ 1,2 milhão e US$ 1,5 milhão. A página do fabricante conta com alguns modelos usados para vender, mas nenhum deles é o G-1159A Gulfstream III. Porém, como referência, a aeronave mais cara lá é o Gulfstream G650 S/N 6146, de 2015, que custa US$ 53 milhões.
A montagem de fotos faz ainda outras acusações contra Lulinha, que não foram verificadas pelo Comprova.
Em 2016, a Polícia Federal realizou uma perícia do patrimônio de Lulinha, à qual a equipe do Comprova teve acesso. A conclusão da perícia é de que a evolução patrimonial foi compatível com as sobras financeiras e que não havia irregularidades nas movimentações.
A defesa de Lulinha, ao Comprova, informou que não deseja comentar a alegação de que ele é dono do avião.
Projeto Comprova
Esta checagem foi publicada pelo projeto Comprova. A verificação foi realizada por jornalistas de Gazeta Online, Veja, Estadão Gazeta do Povo, Folha de São Paulo, Rádio Band News FM, O Povo, BAND, NSC Comunicação, Correio do Povo, UOL, Jornal do Commercio e SBT.
O projeto colaborativo Comprova reúne 24 organizações brasileiras de mídia com o objetivo de combater desinformação e conteúdos enganosos na internet durante a campanha eleitoral. Denúncias de conteúdos suspeitos ou falsos relacionados às eleições pelo número de WhatsApp (11) 97795-0022.
Correio do Povo