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Verão

Especial

Retirada de exposição da Câmara da Capital é censura, dizem cartunistas

Presidente da Casa, Mônica Leal determinou retirada de peças: "uma ofensa, uma agressão"

Trabalhos foram amontoados em área fora da área de exposição | Foto: Stella Pastore / Divulgação CP

A retirada dos trabalhos de 19 cartunistas em exposição na Câmara de Vereadores de Porto Alegre rende polêmica e discussões sobre os limites da democracia no País. Ao meio-dia desta terça-feira, os painéis da mostra “O Riso é Risco – Independência em Risco” foram encontrados empilhados, longe dos olhos do público e prontos para serem entregues aos organizadores. O artista Leandro Dóro, um dos organizadores da mostra, informou que a exposição foi montada com dinheiro dos cartunistas e teve apoio do vereador Marcelo Sgarbossa (PT) para ser exposta na Câmara. Ele classificou a situação como "censura".

“A vereadora (Mônica) e o vereador (Nagelstein) censuraram a exposição e essa é a primeira vez que cartunistas gaúchos são censurados no século XXI. Vamos tomar as providências para tentar resolver isso. Acreditamos que a opinião é livre, a arte é livre. Essa exposição está documentada, foi paga com nossos recursos e quem não gostou que apresente cartoons melhores, que discuta. Quem debate com censura, não debate, bate na liberdade de pensamento. E quem não quer que as pessoas pensem é um ditador”, declarou.

A exposição, montada nessa segunda-feira, tinha permissão inicial para continuar no Legislativo até 19 de setembro. As obras de teor ácido-político foram consideradas ofensivas e inadequadas pelo vereador Valter Nagelstein (MDB). Dizendo ter sido alertada por outras pessoas, a presidente da Casa, Mônica Leal (PP) determinou a retirada dos cartoons críticos aos presidentes Bolsonaro e Donald Trump.

A última vez em que artistas gaúchos haviam sido abertamente censurados, segundo Dóro, foi em 1979, quando a Revista DumDum sofreu ataques de lideranças políticas, depois de ter recebido recursos do Fumproarte. O cartunista Latuff, que também participou da mostra, disse que a ação não é exatamente surpreendente, mas é um sinal de alerta. “O Brasil é ou não uma democracia? É uma sinalização muito semelhante à de países de linha autoritária. Então, é preciso conviver com pontos de vista divergentes. É o que se espera de uma democracia”, defendeu.

O artista ressalta que já teve obras atacadas no Rio de Janeiro, com críticas à violência policial. Além disso, lembra ser costumeiramente censurado em países como Egito e Turquia. Questionada se a retirada das obras da Câmara é ou não um caso de censura, a presidente da Casa, Mônica Leal disse à repórter Ananda Müller que “isso fica por conta do juízo de cada um”, mas reiterou que considera as obras “uma ofensa, uma agressão”.

Samantha Klein