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Especial

Revolução de 1923: Visita de ministro termina com mortes na rua dos Andradas, em Porto Alegre

Confronto ocorreu no dia 1º de novembro e ampliou apelo pela paz

| Foto:

No dia 1º de novembro de 1923, após dez meses de confrontos da Revolução de 1923, enquanto a paz começou a ser vislumbrada, uma tragédia ocorreu. Após percorrer por dias diversas localidades do Rio Grande do Sul, onde os conflitos ainda eram fortes, o ministro da Guerra, general Fernando Setembrino de Carvalho, chegou ao centro de Porto Alegre. A intenção era conversar com as lideranças e encaminhar o acordo. Porém, ao contrário da paz, a sua presença foi acompanhada por mais sangue, em mais um episódio trágico da guerra gaúcha.

Edição do Correio do Povo no dia 2 de novembro de 1923 / Reprodução

“A esperança de sairmos em breve deste pesadelo apavorante que é a luta de irmãos contra irmãos, essa esperança de dias melhores, punha-lhe na physionomia traços de alegria”*, começou a reportagem publicada no dia seguinte no Correio do Povo. E realmente o clima era de festa. Senhoras nas ruas e famílias nas sacadas e janelas dos prédios próximos.

Porém, de festa o episódio acabou por se tornar um dia de luto. “Um dia assignalado para sempre na historia da cidade, na recordação do nosso povo. Jamais, até o onde alcança a nossa memoria, assistira Porto Alegre scenas tão dolorosas, tão brutais”, segue o texto.

Uma multidão ocupava a rua dos Andradas para ver o ministro da Guerra / CP Memória

Foram minutos que, segundo a reportagem, pareceram séculos. “Ao terror da morte que as armas de fogo entraram a vomitar, de subito, de sorpreza”. Assim foi definido o confronto entre as forças do governo e a população que ocupava a praça da Alfândega e a rua dos Andradas para ouvir o ministro da guerra falar sobre paz. 

“Eu não vim aqui impôr, não vim obter a paz por força no terreno material, no terreno das armas. Eu vim rescrutar a alma do povo riograndense, eu vim falar ao coração dos gaúchos! Eu venho em nome do Brasil, em nome dos seus interesses mais sagrados, pedir, implorar, se necessario fôr, para que cesse esse jorrar do sangue deste povo nobre”, disse Setembrino da sacada do Grande Hotel, onde estava hospedado, localizado entre a rua dos Andradas e a rua Caldas Júnior. 

Da sacada Da sacada do Grande Hotel, o ministro da Guerra fez seu discurso / CP Memória

Foi exatamente após discursar para uma multidão, que teve início um confronto generalizado que terminou com mortos e feridos. A confusão fez com que muitos buscassem abrigo no prédio do Correio do Povo

Após a confusão generalizada e com os ânimos mais calmos, houve o resgate aos feridos e removidos os corpos. O trágico episódio foi acompanhado ainda nos dias seguintes, em função da comoção que provocou. Outro ponto é o fato de que, até aquele momento, os combates estavam concentrados em cidaes do Interior. 

*as citações foram retiradas dos exemplares do Correio do Povo da época e reproduzidas conforme o português então utilizado.

Mauren Xavier