O presidente da República, Jair Bolsonaro, disse nesta quarta-feira que o Brasil é um dos países que menos usa agrotóxicos e que as liberações recentes do Ministério da Agricultura para mais aditivos desse tipo têm ocorrido para introduzir produtos mais modernos. "Se estivéssemos envenenando os nossos produtos, o mundo não os compraria. É simples! Nós somos país que menos usa agrotóxicos na agricultura. Por que novos agrotóxicos? Para substituir os anteriores. Quem que não quer mudar de carro para um carro mais moderno?", comentou.
• Anvisa aprova novo Marco Regulatório para avaliação e classificação de agrotóxicos
• Brasil vai aprovar mais agrotóxicos para "entrar na modernidade", diz Tereza Cristina
Questionado sobre crítica do presidente do Instituto CNA, braço da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), Roberto Brant, à retórica ambiental de Bolsonaro, que, segundo ele, tem prejudicado o agronegócio nacional lá fora, Bolsonaro respondeu: "Não vi essa crítica". O discurso adotado pelo governo de minimizar dados sobre aumento de desmatamento, de flexibilizar regras sobre áreas de preservação e os frequentes embates com outros países relacionados ao tema ambiental causa apreensão e tem sido classificado como prejudicial pelo agronegócio.
O incômodo se tornou explícito após publicações estrangeiras, como a revista britânica The Economist, criticarem a atual política ambiental do Brasil. Em evento em São Paulo, Roberto Brant também evidenciou o incômodo e disse que o governo federal "está prejudicando" a imagem do agronegócio, "construída lentamente com o tempo". "Falar em garimpar em território indígena serve a quem? O governo deveria estar falando em métodos e processos para vigiar a Amazônia para valer", afirmou Brant em evento promovido pela Associação Brasileira do Agronegócio (Abag).
A reportagem mostra que a repercussão negativa, aliada a pressões do setor, levou a área de comunicação e o Itamaraty a prepararem uma campanha no exterior para tentar rebater narrativas que, na visão de integrantes do governo, pode afetar o País comercialmente. O agronegócio aponta risco de impacto negativo nas exportações.
AE