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Verão

Especial

A decepção do criador que investiu na criação de Javalis

Produtor lamenta o prejuízo decorrente da mudança de posicionamento dos órgãos públicos

Por determinação do Ibama, últimos 100 javalis de Ravanello devem ser vendidos ou abatidos até outubro | Foto: Gregori Ravanello / Divulgação / CP
Se há produtores que irresponsavelmente soltaram suas criações na natureza quando se deram conta de que o investimento na comercialização do javali não valia a pena, há aqueles que acreditaram no negócio e resistiram quando o Ibama determinou que o porco asselvajado não podia mais ser criado em cativeiro. No Rio Grande do Sul, a Secretaria de Agricultura reconhece como ativos em seu cadastro apenas dois empreendimentos do tipo, um em Casca e outro em Antônio Prado.

Gregori Ravanello é o proprietário do criatório de Antônio Prado, que já teve um plantel de 600 javalis e que hoje está reduzido a 100 animais. Instalado numa propriedade de 100 hectares, das quais oito foram destinados à criação, o produtor diz que esgotou todas as formas jurídicas e administrativas para manter a granja. “Investimos mais de R$ 2 milhões em estruturas como cercamento eletrônico e colocação de microchips em cada animal. Mantivemos o tratamento veterinário em dia. Montamos uma rede de comercialização para a carcaça e o animal vivo. Tudo foi posto por água abaixo”, lamenta Ravanello.

Autuado no ano passado, o produtor recebeu do Ibama, por força de uma medida de defesa administrativa, prazo de 18 meses para encerrar a criação, que termina em outubro. Até lá, Ravanello espera conseguir comercializar os animais que tem para o mercado paulista, com o preço, segundo ele, em torno de R$ 25 o quilo da carcaça. “Entendo que se diga que o javali alcançou o caráter de praga. Mas não entendo por que a criação monitorada, para a qual existe mercado comprador, não possa seguir. Estou jogando a toalha, mas não me conformo com o prejuízo de quase R$ 1 milhão que terei em razão da mudança de posicionamento dos órgãos públicos”, diz. Se não conseguir vender, o produtor terá de abater o rebanho remanescente.

Carne sob suspeita


Embora a criação esteja proibida, não existe restrição ao consumo da carne do javali em todo o território nacional, desde que seja comprada das granjas que ainda funcionam autorizadas por liminares ou importada de outros países. Estudiosos do tema e caçadores admitem, entretanto, que as pessoas comem o animal abatido nos campos e florestas. “Parte do nós caçamos, levamos para casa e consumimos”, diz Josmar Padilha, caçador em atuação nos Campos de Cima de Serra.

O agrônomo da Equipe Javali no Pampa, Marcelo Wallau, reitera que “não é recomendado o consumo”, pois o animal transmite doenças a outros animais e aos humanos, já que hospeda patógenos desconhecidos de outras espécies. “Somente animais de locais onde haja rigorosa inspeção sanitária e cozidos a mais de 75° C podem ser consumidos com segurança”, aconselha Wallau. Veja abaixo alguma das moléstias que o consumo de carne de javali pode trazer:

Tuberculose —  Infecta animais domésticos e silvestres pela ingestão de substratos contaminados ou contato direto entre uma espécie e outra. Em seres humanos, pode ser transmitida pelo ar ou pelo consumo de produtos contaminados.

Toxoplasmose — Causada pelo protozoário Toxoplasma gondii, que se reproduz no intestino dos felinos, mas que pode ser encontrado na musculatura de outras espécies, entre as quais os suínos. Pode infectar o homem.

Esparganose — Infecção parasitária, afeta animais e homens e é contraída pelo javali ao ingerir ração e resíduos de carne decomposta.

Hepatite E — Doença viral adquirida pela ingestão de água ou alimentos contaminados, que pode chegar ao homem pelo consumo da carne.

Leptospirose — De alta incidência entre os javalis, é transmitida por bactéria presente na água e em solo com urina de animais contaminados. No homem, pode ser adquirida pelo contato com secreções que penetram na pele mesmo intacta.

Outras doenças — Erisipela Suína, Brucelose Suína, Peste Suína Clássica, Triquinelose, Gripe Suína, Encefalite Japonesa e Raiva.

Nereida Vergara / Correio do Povo