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Verão

Especial

Apicultores de Balneário Pinhal registram produção decrescente do mel

Conhecida como "Capital do Mel", cidade estuda meios de voltar a expandir produto

Gustavo Gomes viveu o auge da atividade e percebe recuo da produção | Foto: Mauro Schafer
Conhecida como a “capital do mel”, Balneário Pinhal demonstra em monumentos públicos, desde a sua entrada até suas vias, o orgulho pela qualidade de seu produto mais famoso. Mas, ao mesmo tempo, enfrenta queda da produção e estuda meios de retomar sua Festa do Mel para dar novo impulso à apicultura.

Os problemas enfrentados pelos produtores locais de mel nas duas últimas décadas são atribuídos por eles mesmos à mudança das características das florestas de eucaliptos, à quantidade de apicultores na época da florada e até à falta de incentivo do poder público. A maior parte do mel produzido na região é vendida em bombonas, por preços menores que o envasado, e acaba sendo exportada ou revendida em locais distantes do litoral gaúcho, com pouco valor agregado.

O apicultor Gustavo Gomes de Almeida aproveitou as melhores floradas de Balneário Pinhal, na década de 1990. “Foi um período muito bom, mas depois a tendência começou a ser de queda”, recorda, apontando como principais motivos do recuo a migração para o município litorâneo, na época da florada, de apicultores de outras regiões; a mudança do perfil de eucalipto plantado; e até o tipo de campo na região. “As espécies antigas (de eucaliptos) são as melhores, mas foram substituídas por espécies novas. Algumas até dão néctar, mas outras não dão nem flor. O eucalipto evoluiu também, mas para a apicultura não foi bom”, analisa, admitindo que a fama do município não corresponde mais à realidade. “Balneário Pinhal ficou conhecido como lugar do mel, e não é tanto”, conclui.

Na melhor época de produção de Balneário Pinhal, o setor chegou a movimentar 28 toneladas de mel por ano. Hoje não movimenta dez toneladas, segundo Almeida, que, mesmo assim, entende que o volume é razoável. “Um ano bom, com tempo bom, dá rendimento”, afirma. Nelson Roque Auth, que também trabalha há décadas na atividade, concorda que a atual produção ainda é rentável.

A proprietária da Tenda do Mel, Maristela Corrêa, acompanha a produção e consumo há cerca de 30 anos e tem uma visão diferente da dos apicultores. “No comércio evoluiu a venda, mesmo com o comentário de crise”, afirma. “Produto bom é assim: vai de boca em boca”, diz. O técnico em agropecuária da Emater, Lindomar Pereira de Souza, destaca que a apicultura na região está em constante avaliação e vai bem porque está livre de agrotóxicos. Ele também salienta que o trabalho é realizado com a visão de melhorar a qualidade do produto, já que não há como aumentar a quantidade. “Não dá pra ultrapassar as colmeias que cabem no município”, comenta.

Diante da retração da apicultura, o Executivo municipal pretende incentivar a comercialização do mel, bem como de outros produtos primários, na própria região. A ideia é montar uma associação, que venderia mel, hortaliças, frutas e ovos à prefeitura, para a merenda escolar, e ao mercado local.

O diretor do Departamento de Agricultura e Pesca de Balneário Pinhal, Joacir Fernando da Cruz, observa que nos últimos anos não ocorreu nenhuma reunião entre o Executivo e produtores e anuncia que os encontros serão retomados. “Em março haverá uma reunião aberta para definir a criação da associação”, adianta. Sobre a Festa do Mel, o diretor ressalta que a produção e o mercado deverão estar mais fortalecidos para que o retorno seja justificado. “Não podemos realizar uma festa sem produção do mel, não tem lógica ter que buscar mel de fora do município para realizar a festa”, argumenta.

Mas as ações de curto e longo prazo não estão descartadas. Cruz ressalta que a prefeitura vai trabalhar na melhoria da produção de forma conjunta e no retorno da Festa do Mel, logo que possível. “Agora será um trabalho de formiga”, prevê. “Em março, realizaremos uma campanha de reflorestamento de árvores nativas para o mel e frutas”, anuncia. “O objetivo é sermos novamente a capital do mel”.

Marco Ruas