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Verão

Especial

Debate do CP projeta desempenho do agro em 2021

Ainda que projeção da Emater aponte recorde de safra, especialistas do setor se preocupam com cotações

O gerente de operações do BRDE, Paulo Raffin (esquerda); o diretor da redação do Correio do Povo, Telmo Flor (centro); e o diretor técnico da Emater, Alencar Rugeri (direita), participaram do evento | Foto: Guilherme Almeida

Levantamento da Emater apontou que o Rio Grande do Sul deverá colher no ciclo 2020/2021 a segunda maior safra da sua história, com uma produção total de 32,5 milhões de toneladas. O volume é inferior apenas à safra 2016/2017, quando a produção total alcançou 33,6 milhões de toneladas. A estimativa é de que as áreas de soja e de milho devam crescer. A projeção ocorre após uma frustração na safra 2019/2020, provocada pela falta de chuvas no verão, que impactou na produtividade das lavouras, em especial as de soja e milho, e contribuiu para a queda no PIB gaúcho. Os desafios para o setor agropecuário em 2021 foram a pauta da última edição do Debates Correio do Povo Rural, transmitido hoje pela internet.

Um dos principais desafios identificados pelos debatedores está relacionado ao crédito. O gerente de operações do BRDE, Paulo Raffin, salientou que o Plano Safra 2020/2021 trouxe avanços no que se refere a taxas de juros, mas, por outro lado, não houve aumento substancial das linhas equalizáveis. "Estamos com três meses de Plano Safra e já temos três linhas contingenciadas, que atingiram 80% da sua dotação total: o Pronamp, o Inovagro e o Pronaf Agroindústria", afirmou. No caso do BRDE, a principal linha repassada é o Pronaf Agroindústria, destinado às cooperativas agroindustriais, o que permite investimentos como armazenagem e unidades de secagem de grãos. Porém, segundo ele, o contingenciamento destes recursos torna mais difícil o planejamento para a próxima safra. De acordo com Raffin, o setor rural contratou R$ 336 milhões no último ano junto ao banco, que atua principalmente com investimentos. Desse montante, R$ 235 milhões foram recursos do Plano Safra.

Para o presidente da Fetag/RS, Carlos Joel da Silva, a captação de recursos para custear a safra enfrenta alguns gargalos que preocupam a agricultura familiar. Ele ressaltou que, mesmo que o governo federal anuncie um orçamento para o setor, o produtor pode ter obstáculos para acessá-los. "Muitos produtores não conseguem acessar esses créditos porque esbarram nas exigências bancárias e, principalmente, nas garantias que têm que dar para os bancos", afirmou. Outro fator de preocupação para o ciclo 2020/2021 é o clima e o risco de La Niña. "Não temos certeza se vai chover, os meteorologistas não têm uma garantia", observou. Ele também comentou que o nível das barragens já preocupa a região da fronteira e pode impactar no plantio de arroz. Sobre o atual patamar de preços dos produtos agropecuários, Silva afirmou que os valores são "enganosos" e que muitos produtores de arroz já não tinham mais o produtor para vender, enquanto os produtores de soja enfrentaram uma quebra de safra devido à estiagem do último verão.

Sobre a preocupação com o clima, o diretor-técnico da Emater, Alencar Rugeri, destacou que, desde 1985, as 12 piores safras ocorreram cinco vezes em anos neutros, quatro em anos de La Niña e três em anos de El Niño. "Precisamos entender que os fenômenos La Niña ou El Niño não são decretos", afirmou. Citou como exemplo a safra 2016/2017, a maior da história do Rio Grande do Sul, que ocorreu num ano de La Niña de baixa intensidade. O ciclo anterior, 2015/2016, que também foi bom, se deu sob influência de um El Niño forte. Ao falar do avanço da área de soja, Rugeri salientou que, tecnicamente, pode haver um risco, por se apostar demais em uma só cultura. Mas observou que, na Metade Sul, o custo é menor em função de fatores como a logística. Por outro lado, o rendimento das lavouras ainda é inferior na comparação com o Norte do Estado.

O professor Nilson Luiz Costa, coordenador do Programa de Pós-Graduação em Agronegócios da UFSM/Campus Palmeira das Missões, destacou que a logística e o armazenamento estão entre os principais desafios para a próxima safra agrícola. "São questões que devem ser olhadas com muita atenção, sobretudo num mundo cada vez mais competitivo", observou. O especialista ressaltou que a safra 2020/2021 está sendo implantada com custos de produção mais elevados. Mesmo assim, acredita haver espaço para aumento de produção do principal produto agrícola do Rio Grande do Sul, a soja, essencialmente a partir do aumento na produtividade. Um fator que pode influenciar no avanço da área de soja, segundo ele, é a recente elevação dos preços do arroz e das carnes. Ao lembrar a frustração ocorrida na última safra, em função da estiagem, Costa destacou ainda que o seguro agrícola ganhou importância entre os produtores rurais nos últimos anos. 

Danton Júnior