Mesmo que estejam em ano difícil, as exportações de arroz apresentaram alta em setembro. Conforme dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), ligada ao Ministério da Economia, compilados pelo Cepea/Esalq/USP, os embarques do mês passado totalizaram 130,2 mil toneladas (em equivalente casca), o que representa uma elevação de 13,7% em relação a agosto e de 66,6% na comparação com setembro do ano passado.
No acumulado do ano, no entanto, os números apontam para uma queda acentuada das vendas ao exterior. De janeiro a setembro, a retração é de 71% no arroz com casca e de 34% no arroz sem casca. Segundo o presidente da Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz), Alexandre Velho, a recuperação das exportações tem ocorrido principalmente com o arroz beneficiado. “Os negócios estão fluindo um pouco menos do que o esperado, mas a manutenção do câmbio tem estimulado algumas exportações”, constata. Entre os destinos recentes, Velho cita países da América Central e do Sul, como Cuba, Costa Rica e Venezuela.
A retomada dos embarques contrasta com a lentidão do mercado interno, que, segundo o Cepea/Esalq/USP, segue com baixa liquidez. “Por isso estamos tentando viabilizar esses negócios de exportação, porque o mercado interno está pressionado, e quem pressiona não é a indústria, e sim o varejo”, complementa Velho. Na próxima semana, o dirigente estará em Guadalajara para participar da Expo Antad, maior feira de alimentos do México, que ocorre de 18 a 20 de outubro. A Federarroz irá contar com um estande no local com o objetivo de viabilizar novos negócios.
Custos preocupam. Os custos da produção orizícola são um fator de preocupação para a safra que começa a ser plantada no Rio Grande do Sul. Segundo levantamento da Farsul, que tem por base o programa Campo Futuro, o preço do saco de 50kg do cereal deve ser de pelo menos R$ 76,32 ao final da colheita para que o agricultor possa cobrir os gastos. Em agosto, o valor necessário era de R$ 70,37. No mesmo período do ano passado, de R$ 60,54. O insumo responsável pela maior alta é o fertilizante, que encareceu 74% em 12 meses. Em seguida aparecem o frete (39%), sementes (32%), capital de giro (26%), químicos (21%) e operações mecânicas (21%).
Em agosto do ano passado, quando o saco era vendido a R$ 79,20, a margem bruta por hectare era de R$ 3.148,70. Um ano depois, a margem caiu 64%, para R$ 1.127,30. “Não teremos a margem que houve na safra passada e hoje estamos trabalhando em cima de números que foram muito achatados pelo custo de produção. Isso realmente acendeu a luz amarela”, alerta o coordenador da Comissão de Arroz da Farsul, Francisco Schardong.
Danton Júnior