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Verão

Especial

Indústria suína gaúcha busca ampliar corredores de importação de milho

Solicitação à Superintendência Federal da Agricultura do RS pede passagem de grão produzido em países vizinhos pela fronteira de Porto Mauá

| Foto: Fernando Dias / Seapi / CP

As indústrias suinícolas gaúchas empenham esforços para ampliar os corredores de importação de milho dos países lindeiros ao Brasil. A mobilização tem como foco a utilização da fronteira entre o município gaúcho de Porto Mauá, ao Noroeste do Estado, e a cidade argentina de Alba Posse. “Enviamos uma solicitação formal à Superintendência do Ministério da Agricultura do Rio Grande do Sul para que um profissional seja lotado no local para viabilizar a entrada de cargas de milho”, afirma o diretor executivo do Sindicato das Indústrias de Produtos Suínos do Rio Grande do Sul (Sips), Rogério Kerber.

Depois de duas safras de milho frustradas pela estiagem de 2022 e 2023 e de, praticamente, um terço da produção de 2024 já ter sido afetada pelo excesso de chuva, o pedido se antecipa a mais um ano de intensas importações do cereal no RS. “Trabalhamos para alfandegar o porto de Porto Mauá. É preciso ter um técnico do Ministério da Agricultura para fazer vistoria na entrada das cargas lá. Já temos em Porto Xavier, São Borja e Uruguaiana, mas, para algumas empresas, é melhor que as cargas ingressem em Porto Mauá”, justifica o dirigente.

A solicitação tem como respaldo a previsão otimista às safras de milho da Argentina e do Paraguai, de onde, segundo Kerber, já está vindo milho para o Estado. Com uma demanda superior a 6 milhões de toneladas, ante uma produção que, em 2024, pode não ultrapassar as 5 milhões de toneladas, a expectativa é de ampliação das aquisições de outros países e de outros estados.

“Para nós, (o cenário) é frustrante. Não houvesse o problema de clima, a safra de milho seria realmente boa. Mas, infelizmente, não temos, de novo, uma perspectiva que imaginávamos alcançar”, diz Kerber. Conforme a Radiografia Agropecuária do RS de 2023, a Argentina enviou ao Estado 218 milhões de toneladas de milho em 2022, enquanto o Paraguai, 189,1 milhões de toneladas. De outros estados, vieram 2,96 milhões de toneladas, totalizando 3,37 milhões de toneladas de milho importadas pelas indústrias gaúchas no período. O número foi 40% maior do que o volume importado em 2021, de 2,4 milhões de toneladas, e responde à quebra de 55% na colheita do grão em 2022, que somou 2,75 milhões de toneladas. Em 2020, foram importadas 2,6 milhões de toneladas do grão pelo RS.

A previsão sobre a quantidade da matéria-prima que virá de cada estado ou país, neste ano, ainda é incerta. Isso porque, da mesma forma que o excesso de chuva afetou a produtividade do milho do cedo no Estado, a escassez hídrica diminuirá a produtividade das lavouras no Centro-Oeste.

Segundo relatório de Oferta e Demanda do Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea), divulgado em 15 de janeiro, a produção de milho do Mato Grosso deve ser 17% menor do que no ano passado. Nos estados do Sul, de acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a redução é estimada em 11,4% no Paraná e em 6,6% em Santa Catarina. Em Mato Grosso do Sul, a projeção é de que a colheita seja 14,4% inferior à do ano passado, redução que chega a 13,7% em São Paulo e a 14,3% em Minas Gerais.

O analista da Safras & Mercado Paulo Molinari, entretanto, ressalta que o abastecimento local de milho não será afetado. A consultoria estima que a produção gaúcha, mesmo que abaixo de 7 milhões de toneladas, atenda à demanda. “Safras & Mercado tem o número atual em 7,2 milhões de toneladas e deverá reduzir para 6 a 7 milhões de toneladas na sua próxima atualização. A questão é a área plantada, bem como os níveis de produtividade, que já vão sendo registrados no Estado, na média de 80 a 90 sacos por hectare”, explica.

O especialista alerta que, nos últimos três anos, houve exageros nas estimativas de cortes da safra gaúcha. Como exemplo, cita que, em 2023, a quebra levou a produção para pouco mais de 4 milhões de toneladas e foi suficiente para atender a demanda do estado todo. “Mas algumas estimativas locais mostraram safras bem abaixo disso, a exemplo do que esta sendo feito com a safra 2024”, avalia.

As exportações do milho gaúcho também ditarão sobre a real necessidade de adquirir o grão em outras localidades. “Vamos ter que ver quanto será exportado e quanto Santa Catarina irá adquirir do Rio Grande do Sul. Há produtores gaúchos integrados em Concórdia e Chapecó, por exemplo”, condiciona Kerber, ao garantir que “não vai faltar milho”.

Molinari diz que o Rio Grande do Sul exportou 560 mil toneladas do cereal em 2023. Para 2024, estima que a Argentina, com safra recorde, deva abocanhar a maior parte da demanda internacional, principalmente no primeiro semestre. “Os preços externos estão se reenquadrando mais próximos da sua média histórica. Isso deixa o Brasil menos competitivo na exportação. O porto e o interior têm diferenças de preços fortes em 2024 devido ao preço externo muito baixo neste momento”, evidencia.

Conforme boletim da Safras & Mercado de 24 de janeiro, o milho foi comercializado entre R$ 67 e R$ 70 a saca no Porto de Paranaguá. No Rio Grande do Sul, o preço ficou entre R$ 59 e R$ 62 a saca em Erechim. E, no Mato Grosso, entre R$ 45 e R$ 50 a saca em Rondonópolis.

Thaise Teixeira