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Especial

Pesquisa revela quem são os meliponicultores do Rio Grande do Sul

Estudo da Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi) detalhou o perfil de quem produz mel a partir da criação de abelhas sem ferrão no Estado

| Foto: Katia Malagodi Braga / Embrapa / Divulgação / CP

Uma pesquisa realizada pela Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi) traçou o perfil dos meliponicultores do Rio Grande do Sul e conclui que a maior parte deles integra pequenas propriedades. O documento, lançado na última semana, aponta o interesse em produzir mel de meliponas, as abelhas-sem-ferrão.

Segundo os dados levantados pela secretaria, quase 70% das propriedades que trabalham com meliponicultura no Estado estão localizadas na mesorregião Noroeste do Estado, que tem longa tradição na produção de mel de abelhas apis mellifera e já foi responsável por mais de um terço da produção de mel gaúcho. Depois dela, destacam-se o Centro Oriental (12,4%) e a Região Metropolitana (10,1%).

De acordo com o estudo, cerca de 60% dos agricultores que estão na atividade possuem propriedades de até 10,99 hectares. Mais de 60% utilizam para o manejo da meliponicultura mão de obra de até duas pessoas e 93,7% não contratam mão de obra auxiliar. Entres os produtores consultados, 61,2% têm Declaração de Aptidão ao Pronaf (DAP), documento que comprova a condição de agricultor familiar e possibilita o acesso às políticas públicas voltadas para o segmento. A pesquisa foi realizada em duas fases, primeiro contando com dados já apurados pela Emater/RS-Ascar e do IBGE. Na segunda fase, 111 meliponicultores do Rio Grande do Sul foram entrevistados pelos pesquisadores da Seapi.

Em relação à rentabilidade do investimento na meliponicultura, 55% dos entrevistados veem potencial de agregação de renda para suas famílias, mas 38,8% apontam não ter nenhum ganho financeiro com a atividade e 30% confessam desconhecer o potencial econômico que ela representa.

De acordo com a pesquisadora do Departamento de Diagnóstico e Pesquisa Agropecuária da Seapi (DDPA/Seapi) Larissa Bueno Ambrosini, os números condizem com o apurado no estudo, já que muitos dos entrevistados nem mesmo têm a pretensão de que a meliponicultura seja rentável. “Pode ser gente que procura a atividade por hobby ou para um futuro (como fonte de renda)”, explica. A maioria, diz a pesquisadora, se considera meliponicultor amador (70,2%), enquanto 20,7% se entende como meliponicultores profissionais e 7,2% não se consideram meliponicultores. Outro dado relevante descoberto na elaboração é que a maioria dos produtores não tem sua renda proveniente da atividade agrícola A pesquisa classificou como “atividades não agrícolas” as pessoas que nem mesmo trabalham com agricultura, mas que investem na meliponicultura.

Um grupo que se destaca a partir da observação dos dados é o dos aposentados, que procuram a atividade para engordar rendimentos. Do total de entrevistados, 24,32% se apresentaram como aposentados. “A atividade é uma boa fonte de renda, mas quem sabe ainda não para a maioria”, considera Larissa. A pesquisadora ressalta que a procura pelo cultivo de abelhas-sem-ferrão registra um crescimento recente e que, por isso, decidiu estudar o segmento. Pelo menos um quarto dos entrevistados pratica a meliponicultura há mais de 20 anos (25,22%), 29,7% estão no ramo entre três e seis anos e 12,6% entraram na atividade há menos de dois anos. A espécie predominante é a jataí, que está presente em 95,5% das propriedades. A espécie tubuna está presente em 40,5%, e a mirim droryana, em 36,9%.

A Federação das Associações da Meliponicultura do Rio Grande do Sul (Femers), fundada no ano passado, reconheceo crescimento do setor e o atribui ao alto valor de mercado que o mel das abelhas nativas tem, que vão de R$ 80 a R$ 300 o quilo. O trabalho desenvolvido pelos pesquisadores da Seapi também identificou os maiores desafios que os agricultores encontram para a produção, citando o desmatamento e o uso excessivo de agrotóxicos como alguns deles. Entre os entrevistados, alguns meliponicultores argumentam que o setor também pode ser atingido pelas mudanças climáticas, já que as chuvas trazidas pelo El Niño desde o ano passado atrapalharam a florada da primavera e podem diminuir o volume de mel deste ano, já que os insetos ficaram sem alimento.

Larissa Bueno Ambrosini reforça que a pesquisa foi realizada com o intuito de ajudar nas decisões do segmento fornecendo dados científicos. Para o futuro, ela vê como pautas prováveis as revisões na legislação sanitária quanto ao comércio do mel proveniente de meliponas. “A legislação sanitária do mel foi desenhada para o mel de apicultura. Como o mel de meliponas é mais aquoso do que o de apicultura, ele pode estragar mais rápido”, explica, observando que tal diferença poderia motivar mudanças nas regulações.

Dos produtores, ainda, os pesquisadores ouviram que maior acesso à assistência técnica, incremento e melhoria nos canais de comercialização dos produtos e a criação de um programa de pagamento por serviços ambientais para os meliponicultores seriam ações que ajudariam a estimular a criação de abelhas nativas e incrementar os resultados no Estado.

A pesquisadora complementa que a meliponicultura, ainda em desenvolvimento já vem sendo afetado por questões externas.

O perfil

  • 70% dos estabelecimentos que têm melipolinicultura no Rio Grande do Sul estão na região Noroeste
  • 60% dos agricultores que estão na atividade possuem propriedades de até 10,99 hectares
  • 93,7% das famílias não contratam mão de obra para manutenção das caixas ou coleta de mel
  • 55% dos produtores dizem reconhecer as possibilidades financeiras que a criação de abelhas nativas podem trazer ao empreendimento
  • Na pesquisa da Seapi, que também considerou dados da Emater RS-Ascar e do IBGE, 111 produtores foram entrevistados
  • 70,2% dos produtores identificaram-se como meliponicultores amadores
  • 24,32% dos interessados em trabalhar com as abelhas nativas são aposentados
  • Pelo menos um quarto dos entrevistados pratica a meliponicultura há mais de 20 anos (25,22%), 29,7% estão no ramo entre três e seis anos e 12,6% entraram na atividade há menos de dois anos.
  • Segundo a pesquisa, as abelhas nativas predominantes são das espécies jataí (95,5%.), tubuna (40,5%) e mirim droryana, (36,9%).

Lucas Keske