As exportações de gado em pé, depois de quase um ano paralisadas, começam a ser retomadas no Rio Grande do Sul. Está prevista para o dia 10 de dezembro a primeira operação desse tipo em 2021, com o embarque de 20 mil terneiros vivos para o Egito. Segundo a supervisora regional da Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (Seapdr) em Pelotas, Liége Furtado de Araújo, os animais são mantidos em confinamento em dois Estabelecimentos de Pré-Embarque (EPEs), localizados em Rio Grande e Cristal.
Com peso de até 250 quilos, os terneiros provêm de diferentes propriedades gaúchas e permanecem nos EPEs até que os exportadores atinjam o número de cabeças pretendido para a carga a ser embarcada. Depois, são realizados os protocolos sanitários exigidos pelo país comprador, explica a supervisora. “Os procedimentos ainda não começaram porque ainda não chegaram todos os animais”, afirma. Os fiscais da Seapdr fazem a supervisão dos exemplares e emitem as Guias de Trânsito Animal (GTAs) para o Porto de Rio Grande.
A exportação de bovinos vivos pelo Rio Grande do Sul deu um salto em 2018, mas recuou em 2019 e 2020. Neste ano, em razão da alta valorização do terneiro, os preços gaúchos perderam competitividade frente aos do Uruguai, o principal concorrente do Estado. Com o embargo da China à carne bovina brasileira, esse cenário começou a mudar, avalia o coordenador da Comissão da Pecuária de Corte da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul), Pedro Piffero. Ele observa que as exportações brasileiras do produto caíram 43% em outubro na comparação com o mesmo mês do ano passado, o que aumentou a oferta no mercado interno, impactando os preços do boi gordo e também o mercado de reposição – hoje, o quilo vivo do terneiro é negociado em média a R$ 11,50. “Dos R$ 13,50 que se estava pagando, caiu no preço que o importador compra, no patamar de dois dólares”, diz.
Para o consultor Eduardo Lund, as cotações atuais permitem aos exportadores gaúchos competir em igualdade com o Uruguai, que neste ano já exportou mais de 200 mil animais. Lund destaca que a retomada dos negócios vem sendo liderada por Egito e Turquia, o que sinaliza boas oportunidades para os produtores. “São importadores que têm exigência maior com relação à qualidade e ao padrão (dos animais), e o Rio Grande do Sul entra no cenário como um produtor de gado europeu”, completa.
Patrícia Feiten