Ruas do bairro Vila São José receberam nesta quinta-feira aplicação de inseticida por funcionários terceirizados contratados pela Diretoria de Vigilância em Saúde (DVS) de Porto Alegre. A ação, chamada de bloqueio químico, busca frear a proliferação do mosquito Aedes aegypti, causador da dengue, zika e chikungunya, e é realizada regularmente em pontos da Capital onde há registros de casos. Nas últimas semanas, zona Leste tem sido a área da cidade onde há maior concentração dos técnicos.
Durante a ação, ruas, vielas e becos foram percorridos, e os moradores orientados a fechar suas casas, proteger roupas e animais de estimação. Na rua João da Costa, a maioria dos moradores já foi contaminada pelo vírus da dengue, relatando sintomas diversos. O açougueiro Luiz Gustavo Vieira teve febre alta, dores no corpo e olhos, além de falta de apetite. “Está havendo um surto na Vila São José. A dengue não é brincadeira, a pessoa fica uma semana de molho, sem poder trabalhar”, afirmou ele, que disse estar recuperado e teve a residência pulverizada.
Quase em frente, vive o eletricista Alexsander Silveira, que começou a sentir os mesmos sintomas no último domingo e recebeu o diagnóstico de dengue na terça-feira, após consultar na Unidade de Saúde São Carlos, referência para o bairro. “Minha condição está melhor, mas todos temos que fazer nossa parte. Não temos como saber onde estão os focos, então este trabalho de pulverização é muito importante”, relatou.
De acordo com a Secretaria Estadual de Saúde (SES), Porto Alegre tinha, até o final da tarde de quarta-feira, 632 casos confirmados de dengue, o terceiro maior número do Rio Grande do Sul, apenas atrás de Encantado e Ijuí. Também nas últimas semanas, as mortes pela doença no Estado aumentaram de forma consistente, alcançando nove em 2023. As confirmações de dengue foram 7.217.
Apesar disto, o comportamento da dengue neste ano está abaixo do observado no ano passado, conforme os dados da Secretaria Municipal de Saúde (SMS). O primeiro quadrimestre de 2022 teve 3.510 confirmações, somando dengue, chikungunya e zika, com a maioria dos casos concentrados no chamado distrito sanitário Leste, com 1.669. Em 2023, o Partenon lidera, com 428 até o momento. Porto Alegre não tem registro de óbitos neste ano por dengue. Em 2022, foram quatro.
Felipe Faleiro