Moradores e motoristas com deficiência ou mobilidade reduzida têm manifestado uma crescente inquietação devido à escassez de vagas de estacionamentos especiais, no litoral Norte. Em meio a relatos de dificuldades e falta de fiscalização, a situação tem gerado um cenário de frustração e descontentamento.
Adriano Vargas, veranista de Capão da Canoa, destacou a gravidade da situação ao relatar as dificuldades enfrentadas pelos motoristas e o desrespeito às vagas destinadas tanto para idosos quanto para deficientes.
Vargas ressaltou a insuficiência da fiscalização, afirmando que o descaso com as normas básicas de acessibilidade tem resultado não apenas em desconforto, mas também em situações perigosas e desrespeitosas para aqueles com mobilidade reduzida.
O veranista expressou sua exaustão diante das dificuldades cotidianas, enfatizando a necessidade de respeito às normas básicas de moralidade e decência para melhorar a situação.
"Eu cansei, eu me incomodava. Eu vinha pra cá e saia estressado pelos outros, sabe? É chato, é feio. As pessoas precisam respeitar normas básicas de moralidade, decência. Isso tá muito ruim", desabafou.
Em Tramandaí, Claudio da Rosa e sua esposa, Veronice Pfeiffer, também compartilharam suas frustrações, evidenciando a dificuldade em encontrar espaços designados a deficientes e o desrespeito ao uso dessas vagas.
Veronice enfatizou a urgência de melhorias na infraestrutura de acessibilidade nas praias do litoral Norte, lembrando que a falta de espaços adequados para estacionamento e acesso prejudica diretamente a comunidade de pessoas com deficiência, comprometendo seu direito à mobilidade e lazer. "Aqui a gente olhou, não tem nenhuma rampa que vá levar até a areia", destacou.
Clovis Suri, 65 anos, também compartilha a dificuldade de encontrar vagas especiais. "De outubro para cá é uma briga. Depois que diminuíram o estacionamento na orla ficou ainda mais difícil”, falou se referindo a nova ciclofaixa instalada em Tramandaí.
Ele destacou que não pode estacionar muito longe da praia por causa da sua mobilidade e considerou que a faixa para os ciclistas deveria ter sido colocada na calçada.
Falta de vagas especiais cauda transtornos para deficientes físicos no litoral.Maria Eduarda Fortes
O secretário de Segurança, Mobilidade e Tecnologia (SSMT) de Capão da Canoa, Jorge Alberto de Cabral Arbello, afirmou que a pasta, criada em 2022, tem concentrado esforços na melhoria da mobilidade urbana na região. Ele garantiu que existem iniciativas em andamento, mas confirma que a porcentagem de vagas exigida pela legislação ainda não foi alcançada. Outro ponto ressaltado por ele é o crescimento populacional de Capão da Canoa, com um aumento de aposentados e idosos.
"Dentre as iniciativas em andamento, destacam-se a pintura de faixas de pedestres, a demarcação de espaços de estacionamento oblíquos e paralelos, resultando na criação de aproximadamente 1200 novas vagas. No entanto, ainda não alcançamos os níveis exigidos pela legislação, que determinam 5% das vagas para idosos e 2% para pessoas com deficiência.
Arbello destacou que a prefeitura está em processo de conclusão do plano de mobilidade urbana que servirá como base para futuras ações da Secretaria. A fiscalização dos novos espaços é realizada pela SSM. E a responsabilidade pela aplicação de multas e outras medidas repressivas cabe à Brigada Militar.
O secretário de turismo de Tramandaí, Claudiomir da Silva Pedro, informou que no município existem 72 vagas de estacionamentos especiais, para idoso e deficiente. E que o município segue a Lei que prevê o número de vagas para idosos e deficientes. E que a ampliação depende da demanda e da legislação.
Sobre as vagas retiradas por causa da ciclofaixa, o secretário afirmou que estão sendo criados novos estacionamentos e as vagas que eram em paralelo foram transformadas em oblíquas. Ele também ressaltou que as vias coletoras da Beira-Mar também foram transformadas em estacionamento, além das vagas em paralelo aos canteiros centrais.
Paula Maia