Abastecimento de hortifruti preocupa pequenos mercados

Abastecimento de hortifruti preocupa pequenos mercados

Além da escassez, queda na qualidade dos produtos e elevação de preços estão entre os principais problemas

Poti Silveira Campos

Pequenos comerciantes têm dificuldade para abastecimento de hortifrutigranjeiros em Porto Alegre

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Proprietários de mercados e armazéns da Capital estão preocupados com o fornecimento de hortifrutigranjeiros para seus estabelecimentos. Escassez, queda na qualidade e aumento de preços são as principais dificuldades apontadas por empreendedores. A apreensão teve início no começo da semana, no rastro da destruição causada pelas chuvas e enchentes no Estado.

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“A banana chegou assim hoje, muito passada”, diz Dilmo Brustolin, proprietário do menor armazém dos três estabelecimentos visitados nesta quinta-feira, dia 9, por Correio do Povo, apontando para cachos da variedade catarina. Instalado no bairro Jardim Botânico, Brustolin reclama da alta de preços. “Ovos, por exemplo, eu pagava R$ 9,90 pela bandeja com 20 unidades. Agora, paguei R$ 15”, afirma, salientando que teve de trocar de fornecedor. “O anterior vinha de Teutônia”, explica. O município está localizado no Vale do Taquari, uma das regiões mais devastadas pela tragédia climática.

No mesmo bairro, Adriano Dallagnol Citrón revela haver desistido de realizar compras nas Centrais de Abastecimento do Rio Grande do Sul (Ceasa). Em razão do alagamento das instalações no Bairro Anchieta, em Porto Alegre, a instituição transferiu suas operações para uma área no km 80 da Freeway, em Gravataí. “Impossível ir até lá. São três horas e meia para chegar lá, por conta do trânsito”, diz.

Atendido por um fornecedor do bairro Glória, Citrón prevê reajustes nos preços ao consumidor. “A batata de boa qualidade tá custando R$ 400 o saco de 48 quilos”, salienta. Na cotação da Ceasa divulgada ontem, o quilo do tubérculo varia entre R$ 4 e R$ 6,80. O valor pago pelo comerciante equivale a R$ 8,33. No bairro Petrópolis, César Rossetti relata ter ido ontem às instalações provisórias da Ceasa.

“Fui com um pedido de 25 itens, consegui apenas dez e deu quase R$ 1 mil. Deu uma alterada boa nos preços”, afirma Rossetti.

De acordo com Rossetti, o abastecimento de “legumes e verduras está difícil. Frutas foi mais fácil”.

Os comerciantes reclamam ainda do abastecimento de bebidas, incluindo água mineral, refrigerantes e cervejas. “Bebida não tem previsão de entrega, diz Brustolin. Sem receber o produto dos fabricantes, Citrón tentou repor o estoque em uma loja de uma de rede de supermercados, mas encontrou gôndolas vazias.

Alteração de horário

Nesta quinta-feira, depois do primeiro dia de operações nas instalações provisórias, a Ceasa anunciou no horário de funcionamento, das 9h às 15h. O horário anterior era das 12h30 às 18h. De acordo com a central, a medida tem o objetivo de “distribuição mais uniforme das atividades ao longo do dia, reduzindo possíveis congestionamentos e otimizando o aproveitamento dos recursos”, bem como proporcionar um retorno mais rápido de produtores e comerciantes às áreas de origem.


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