Diretor revela que “O Mal que nos Habita” deve ganhar uma continuação

Diretor revela que “O Mal que nos Habita” deve ganhar uma continuação

Demián Rugna, que participa de uma sessão comentada do filme neste sábado, no Fantaspoa, indicou, no entanto, que projeto ainda não está em produção

Carlos Correa

Filme de Demián Rugna sessão comentada neste sábado

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Não raro, um filme de terror surge sem muito barulho, mas por sua qualidade, vai ganhando força no boca a boa, vê seu público crescer e se torna um fenômeno. Um dos exemplos mais recentes é “O Mal que nos Habita”, lançado no Brasil início do ano e que virou o novo queridinho dos fãs do gênero. A trama, que se passa na Argentina em uma data indefinida, acompanha o caso de dois irmãos que lutam contra um mal maior em uma aldeia afastada das grandes cidades.

Como parte da programação do Fantaspoa, a produção argentina terá uma (disputada) sessão comentada neste sábado à tarde, às 17h, no Cine Cult Victoria. Antes da exibição, aliás, acontece a cerimônia de premiação do festival, que termina neste domingo. Nesta sexta-feira, o Correio do Povo conversou com o diretor na Cinemateca Capitólio. Não é a primeira vez dele na Capital. Nem a segunda. Até onde lembra, Rugna já veio para o Fantaspoa outras sete vezes – o Festival está em sua 20ª edição. “O pessoal aqui me acompanha desde 2011, praticamente desde o início da minha carreira”, conta. O status dele, no entanto, agora é outro. Se “Aterrorizados” (2017) já havia amealhado críticas positivas, “O Mal que nos Habita” atingiu um novo patamar. Em outubro do ano passado, quando foi lançado nos Estados Unidos, teve uma distribuição na casa das 600 salas de cinema. Já havia sido um fenômeno na Argentina, onde se transformou no filme de terror mais visto da história no país, ultrapassando a barreira dos 300 mil espectadores.

""Estamos conversando. A ideia é que sim, haja uma continuação. Tenho algumas ideias, mas não há um roteiro ainda”

Tanto burburinho chamaria, é claro, a atenção dos executivos de Hollywood. De lá para cá, dois caminhos se desenham. No mais óbvio deles, a ideia dos estúdios é negociar os direitos para fazer um remake, o que facilitaria a distribuição, uma vez que o idioma espanhol ainda é uma barreira para os norte-americanos, pouco afeitos às legendas. O outro é optar por uma continuação. E não surpreende que essa seja a alternativa vista com bons olhos pelo diretor. “Estamos conversando. A ideia é que sim, haja uma continuação. Tenho algumas ideias, mas não há um roteiro ainda”, revela, indicando que muito provavelmente alguns personagens retornariam para a sequência – e quem assistiu ao filme sabe que há espaço para novas investidas naquele universo.

Aliás, para além do clima assustador, a ideia de Rugna sempre foi mais profunda. Mais do que sustos, o objetivo era falar, mesmo que não explicitamente, de temas bem diferentes dos vistos em tela. “A minha intenção sempre foi assustar as pessoas. Mas também queria falar sobre fascismo e meios de comunicação. Sobre como ideias malignas se transmitem e as pessoas passam a acreditar nelas a ponto de infligir mal aos mais próximos e a si mesmo”, explica.

Não por acaso, o diretor não apenas não foge do assunto, como fala demoradamente sobre os paralelos que podem ser feito entre as forças malignas do filme e o governo de Javier Milei na Argentina. “Muitas pessoas acreditam em ideias que as levam a fazer o mal. A diferença é que o fascismo pelo menos sempre tem algum caráter nacionalista. E o governo argentino nem isso, Milei é um anarco capitalista que está vendendo e entregando tudo aos outros”, compara. Para além das dificuldades financeiras de uma política de cultura que optou por dificultar ao máximo a produção cinematográfica do país vizinho, Rugna elenca outra preocupação. “Não é somente que ele não cumpra a lei. Essa mesma pessoa está demonizando os artistas, sendo que o cinema sempre foi parte muito importante da cultura argentina. A ideia parece ser destruir essa matriz cultural, destruir essa identidade”, afirma.

FILMAR TERROR COM CRIANÇAS FOI UM DESAFIO LOGÍSTICO

Em relação aos detalhes da produção, o diretor conta que uma das maiores dificuldades foi lidar com todas as restrições legais de se utilizar crianças em um filme de terror, ainda mais um que necessariamente faz uso da violência em várias cenas. “São várias regras e sim, foi muito difícil. Não pode filmar mais que três dias na semana e desses, não pode ser consecutivo. Não podem ser expostas a qualquer cena de violência, seja com elas, seja com outros adultos. Não pode se filmar em locações que sejam a mais de 50km de onde elas moram. Não pode ter nada que sugira sangue, por exemplo. Em uma determinada cena em que o personagem sai coberto de sangue, na verdade era tinta azul”, revela, explicando que uma série de trucagens como essa foram feitas na pós-produção para driblar as restrições.

"Não pode filmar (com crianças) mais que três dias na semana e desses, não pode ser consecutivo. Não podem ser expostas a qualquer cena de violência, seja com elas, seja com outros adultos. Não pode se filmar em locações que sejam a mais de 50km de onde elas moram. Não pode ter nada que sugira sangue, por exemplo. Em uma determinada cena em que o personagem sai coberto de sangue, na verdade era tinta azul”

Afora a experiência como diretor, Rugna também tem em paralelo uma carreira musical com a banda Pasco 637. O grupo, diga-se de passagem, será uma das atrações da festa de encerramento do Fantaspoa, nesse domingo à noite, no Bar Opinião.

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