Nunca masquei tanto chiclete na minha vida. Demorei a ter o álbum. Anotei todos os resultados no tabelão e controlei os pontos de cada seleção, nos grupos. Olhava aquilo várias vezes ao dia e fazia meus prognósticos. E fiz uma festa imensa quando consegui as figurinhas do Naranjito, do Zico e do Fillol. Não completei o álbum. E, depois daquela Copa, nunca mais colecionei figurinhas.
Frio. Decepção. Um sentimento estranho de injustiça que eu não sabia lidar muito bem e desafogava chutando uma bola murcha com raiva contra o muro. A magia inesquecível da descoberta de uma imagem com cores. A Copa do Mundo de 1978 me marcou por diversos motivos. O primeiro e mais forte era que, lá em casa, finalmente chegava uma TV colorida. Da (Springer) Admiral.
A maioria dos brasileiros não têm feriado. Os trabalhadores do campo nem sabem o que é isso. Os operários das indústrias, os que estão na linha de frente, não param nunca suas produções. Os policiais do front não têm folga, ao contrário, quando a sociedade tem seus feriadões e comemorações, aí é que o policiamento é reforçado e se cortam as folgas desses profissionais. Os hospitais não param, nem grande parte dos postos de saúde. O comércio, dos shoppings aos mercados de praias e lojas, não para. Os motoristas seguem transportando gente e cargas país afora. Portanto, não é a maioria dos brasileiros que descansa num feriado.
Que o time do Fortaleza, sua trajetória e seu exemplo de perseverança nos inspirem todo dia. Se quisermos chegar em lugares melhores, se quisermos alcançar nossos sonhos, o negócio é não desistir. Mesmo que nada pareça dar certo hoje.
Quando vemos a enormidade de jovens que ingressam no mundo das drogas, do crime e da violência, percebemos o elevado número destes que, infelizmente, erraram a estrada apenas por procurar, sem saber por onde, um lugar ao sol, uma chance de serem vistos, respeitados, considerados. As fábricas de música, cultura e de esportes tiram a meninada dessa funesta fábrica de bandidos. Tomara que os gestores públicos um dia saibam reconhecer isto e, acima de tudo, fomentar mais os únicos caminhos que temos para chamar a garotada para o bem.
Se asfaltarem minha rua, aumentará o trânsito. Aumentará a velocidade desse trânsito. Que se já hoje, com toda irregularidade das pedras, alguns motoristas esquecem que ali é zona residencial e escolar, que há crianças com suas mochilas saindo da escola, crianças nas casas que saem correndo atrás da bola ou do seu cachorrinho – porque são crianças e brincam, ora bolas! -, imagine numa rua asfaltada. Que, em certos lugares, infelizmente a possibilidade do solavacanco previne tanto quanto os radares da polícia rodoviária. Triste, mas é da nossa (falta de) educação.