Israel busca retaliação contra o Irã que não afaste novamente seus aliados

Israel busca retaliação contra o Irã que não afaste novamente seus aliados

Militares dão indicação de que resposta virá, mas cálculo é complicado em meio a três frentes de conflito

Estadão Conteúdo

Confrontos enfrentam cada vez mais pressão internacional e inclusive dentro de Israel

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O gabinete de guerra de Israel se reuniu nesta segunda-feira, pela quarta vez em dois dias para discutir como dar uma resposta ao ataque do Irã sem afastar aliados internacionais. Pressionado a agir com contenção, Israel tenta aproveitar uma oportunidade de construir uma aliança internacional estratégica contra Teerã. Desde que foi atacado, o país tem recebido amplo apoio de Estados Unidos, Europa e árabes, como a Jordânia, em um contraste à onda de críticas por sua conduta da guerra na Faixa de Gaza.

O chefe do Estado-Maior das Forças de Defesa de Israel, general Herzi Halevi, deu a indicação mais clara até agora de que haverá um contra-ataque. Ele não deixou claro, no entanto, qual forma essa resposta assumirá. Ao mesmo tempo, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, conclamou a comunidade internacional a permanecer unida diante da agressão do Irã que, segundo ele, ameaça a paz mundial.

O ataque no sábado foi, segundo Teerã, uma resposta ao bombardeio da embaixada iraniana em Damasco, na Síria, que matou seis militares e um general iraniano sênior. Israel não confirmou nem negou o envolvimento.

"O ponto é responder de forma inteligente, para não prejudicar a oportunidade de cooperação regional e internacional que criamos”, disse Michael Oren, ex-embaixador israelense nos EUA. Israel enfrenta um conjunto cada vez mais delicado de cálculos políticos. Já está lutando em três frentes: em Gaza contra o Hamas, em sua fronteira norte com o Hezbollah, bem como tentando apaziguar a agitação na Cisjordânia. Agora, está sob pressão para restaurar a dissuasão com o Irã.

Internamente, a população demonstra sinais de cansaço e repelem a ideia de ver seu país envolvido em mais um conflito. Grande parte da vida israelense voltou ao seu ritmo habitual. "Tenho esperança de que essa coisa com o Irã tenha acabado, por enquanto, porque estou farto e cansado de guerra”, disse o israelense Lev Mizrach, em um calçadão de Tel-Aviv.

Os tomadores de decisão devem equilibrar a necessidade de projetar força com o desejo de manter unida uma parceria estratégica tênue contra o Irã que os ajudou a bloquear o ataque no sábado, uma aliança que envolveu até países árabes.

As opções de Israel incluem ciberataques e ataques direcionados a locais estatais-chave, como infraestrutura de petróleo iraniana. Israel no passado visou pessoal e infraestrutura iranianos relacionados ao programa nuclear sem assumir responsabilidade e poderia fazer isso novamente, mas de forma mais aberta. Além de ataques diretos ao Irã, analistas disseram que Israel poderia responder indiretamente atingindo aliados na região.

Qualquer ataque a grandes locais nucleares iranianos seria improvável, já que eles estão profundamente subterrâneos e fazer isso exigiria ajuda de Washington. Os EUA já disseram que não vão participar de nenhuma represália. Se decidir retaliar, Israel provavelmente evitará locais civis e econômicos iranianos, segundo Sima Shine, analista do Instituto para Estudos de Segurança Nacional.


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